O deputado estadual Romero Albuquerque (PP) disse, nesta terça-feira, que haveria um movimento, no Senado, no sentido de politizar a audiência com o Ministro da Justiça, Sérgio Moro, e que esta conduta pode fragilizar o esforço do poder judiciário em combater à corrupção no país.

Albuquerque disse acreditar que alguns senadores, especialmente da oposição, querem transformar o momento em um palanque para bandeiras ideológicas, como o pedido de liberdade do ex-presidente Lula.

O tema da reunião, em Brasília, solicitada pelo próprio ministro, é o vazamento das conversas entre ele – à época juiz da 13ª vara federal em Curitiba - e o Procurador da República, Deltan Dallagnol, no aplicativo Telegram, publicadas pelo site The Incerpet Brasil, no domingo(09).

A reportagem revelou que os dois articulavam informações sobre os processos da operação, como a prisão do ex-presidente Lula.

Trechos dos diálogos mostram que o então Juiz Sérgio Moro interferia na formalização da acusação, opinando sobre o cronograma das operações policiais, indicando fontes e até abrindo detalhes sobre as suas próprias decisões. “Inicialmente, eu acredito que o conteúdo não fragiliza o trabalho feito pela Operação Lava Jato.

O foco deste debate tem que ser a privacidade das autoridades, a autenticidade destas informações e, claro, se confirmar algum deslize ético, encaminhar as devidas punições.

O que não pode é, de antemão, fragilizar uma operação importante e usar a situação para defender bandeiras políticas”, disse o deputado. “Vão tentar explorar ao máximo uma troca de informações entre membros do poder judiciário como uma negociata, de modo a inflamar a população contra a exitosa Operação Lava Jato e conter este movimento de combate à corrupção.

O legado da Lava Jato é muito importante para o país, para as instituições e para a nossa democracia”, disse Albuquerque.

A audiência entre Sérgio Moro e os senadores está marcada para esta quarta-feira (19), na Comissão de Constituição e Justiça, às 09h, e foi solicitada ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre, pelo próprio ministro.