O líder do PSB na Câmara dos Deputados, Tadeu Alencar (PE), defendeu nesta segunda-feira (10) a investigação das mensagens do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, e de procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato, vazadas nesse domingo (9) pelo site The Intercept. “Precisa ser apurado com rigor, como, aliás, já demandaram à Corregedoria do Conselho Nacional do Ministério Público, diversos dos seus conselheiros”, disse. “A despeito de qualquer outra providência adicional é importante reconhecer a gravidade das condutas reveladas nessas mensagens que, presuntivamente, parecem revelar uma imparcialidade do magistrado incompatível com o devido processo legal e com um interesse do órgão acusador que vai além do interesse da investigação”, afirmou ainda.
LEIA TAMBÉM » Líder diz que PT vai atuar com oposição e centro por investigação de Moro » Flávio Dino defende afastamento de Moro do Ministério da Justiça » Mourão diz não ver ‘nada de mais’ em conversas entre Moro e procuradores » ‘Não vejo nada de mais’, diz jurista sobre conversas vazadas de Moro » Moro era ‘acusador disfarçado’, diz advogado de investigados na Lava Jato » Oposição vai tentar convocar Moro após conversas vazadas O The Intercept publicou mensagens atribuídas a Moro e a Dallagnol em que, no aplicativo Telegram, eles conversam sobre as ações da Lava Jato.
Em uma das conversas, o ex-juiz teria feito sugestões sobre operações. “Olá Diante dos últimos . desdobramentos talvez fosse o caso de inverter a ordem da duas planejadas”, diz o então magistrado em uma delas, segundo o site.
De acordo com a publicação do The Intercept, Moro teria ainda repassado informações a Dallagnol informalmente. “Entao.
Seguinte.
Fonte me informou que a pessoa do contato estaria incomodado por ter sidoa ela solicitada a lavratura de minutas de escrituras para transferências de propriedade de um dos filhos do ex Presidente.
Aparentemente a pessoa estaria disposta a prestar a informação.
Estou entao repassando.
A fonte é seria”, teria dito.
Entre outra passagem, o ex-juiz teria indicado qual deveria ser sua decisão sobre o processo do ex-presidente Lula (PT).
Resposta Moro afirmou em nota que não há direcionamento na atuação dele, segundo o conteúdo das mensagens.
Segundo Moro, as conversas foram retiradas de contexto e apresentadas de forma sensacionalista. “Sobre supostas mensagens que me envolveriam publicadas pelo site Intercept neste domingo, 9 de junho, lamenta-se a falta de indicação de fonte de pessoa responsável pela invasão criminosa de celulares de procuradores.
Assim como a postura do site que não entrou em contato antes da publicação, contrariando regra básica do jornalismo.
Quanto ao conteúdo das mensagens que me citam, não se vislumbra qualquer anormalidade ou direcionamento da atuação enquanto magistrado, apesar de terem sido retiradas de contexto e do sensacionalismo das matérias, que ignoram o gigantesco esquema de corrupção revelado pela Operação Lava Jato”, disse em nota o ministro.
O Ministério Público Federal (MPF) disse, em nota, que a violação dos celulares dos procuradores é ilegal. “A violação criminosa das comunicações de autoridades constituídas é uma grave e ilícita afronta ao Estado e se coaduna com o objetivo de obstar a continuidade da Operação, expondo a vida dos seus membros e famílias a riscos pessoais.
Ninguém deve ter sua intimidade - seja física, seja moral - devassada ou divulgada contra a sua vontade.
Além disso, na medida em que expõe rotinas e detalhes da vida pessoal, a ação ilegal cria enormes riscos à intimidade e à segurança dos integrantes da força-tarefa, de seus familiares e amigos”.