O vice-presidente nacional do PDT, Ciro Gomes, usou o Twitter nesta segunda-feira (10) para criticar a força-tarefa da Operação Lava Jato, após o vazamento de conversas de procuradores e do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, que, quando era juiz, analisou os processos e julgou, por exemplo, o ex-presidente Lula (PT).
O pedetista defendeu que o assunto seja investigado. “Antes que as paixões contra ou a favor do ex-presidente Lula - o mais notável atingido pela Lava Jato - venham aqui defender cegamente seus interesses, lembrem-se de Eduardo Cunha, Geddel Vieira Lima, Palocci… todos esses poderão se beneficiar com o que está acontecendo”, enfatizou Ciro Gomes na rede social.
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Ciro Gomes afirmou, por último, que espera que as mensagens sejam investigadas pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e pelo Congresso Nacional. 1 - Durante todo o desenrolar da operação Lava Jato sempre expus o que pensava de forma muito clara: o excesso de aplausos, as gravatinhas borboletas e, até, condenações sem provas objetivas, cobrariam seu preço. (…) — Ciro Gomes (@cirogomes) 10 de junho de 2019 2- Também sempre deixei claro que o Brasil carecia de investigações e punições aos grandes saqueadores da nação.
E alertei mais de uma vez: os erros, os desmandos, gerariam de um lado injustiças e, de outro, nulidades que garantiriam liberdade a culpados. (…) — Ciro Gomes (@cirogomes) 10 de junho de 2019 3-Fui ainda mais específico quando disse que cada um deveria voltar para sua “caixinha” para preservar as instituições brasileiras e restaurar o poder político.
Por toda essa minha leitura fui atacado por todos os lados, mas nunca deixei de me posicionar e defender o q penso(…) — Ciro Gomes (@cirogomes) 10 de junho de 2019 4 - justamente por saber que um dia a história comprovaria o que vinha dizendo.
O que estamos vendo hoje é exatamente o que eu alertava.
Isso não é ter bola de cristal, é conhecer a história brasileira.
Se lembram da Satiagraha? (…) — Ciro Gomes (@cirogomes) 10 de junho de 2019 5- Antes que as paixões contra ou a favor do ex-presidente Lula - o mais notável atingido pela Lava Jato - venham aqui defender cegamente seus interesses, lembrem-se de Eduardo Cunha, Geddel Vieira Lima, Palocci… todos esses poderão se beneficiar com o que está acontecendo(…) — Ciro Gomes (@cirogomes) 10 de junho de 2019 6- Por essa razão, espero que as instituições brasileiras funcionem: Conselho Nacional de Justiça, Conselho Nacional do Ministério Público, STF e Congresso Nacional, devem se debruçar sobre o assunto, investigar e passar o Brasil a limpo. — Ciro Gomes (@cirogomes) 10 de junho de 2019 Ciro Gomes tem buscado se distanciar do PT desde as últimas eleições.
Apesar disso, critica a prisão de Lula pela Lava Jato.
Mensagens de Moro O site The Intercept publicou nesse domingo (9) mensagens atribuídas a Moro e a Dallagnol em que, no aplicativo Telegram, eles conversam sobre as ações da Lava Jato.
Em uma das conversas, o ex-juiz teria feito sugestões sobre operações. “Olá Diante dos últimos . desdobramentos talvez fosse o caso de inverter a ordem da duas planejadas”, diz o então magistrado em uma delas, segundo o site.
De acordo com a publicação do The Intercept, Moro teria ainda repassado informações a Dallagnol informalmente. “Entao.
Seguinte.
Fonte me informou que a pessoa do contato estaria incomodado por ter sidoa ela solicitada a lavratura de minutas de escrituras para transferências de propriedade de um dos filhos do ex Presidente.
Aparentemente a pessoa estaria disposta a prestar a informação.
Estou entao repassando.
A fonte é seria”, teria dito.
Entre outra passagem, o ex-juiz teria indicado qual deveria ser sua decisão sobre o processo do ex-presidente Lula (PT).
Resposta Moro afirmou em nota que não há direcionamento na atuação dele, segundo o conteúdo das mensagens.
Segundo Moro, as conversas foram retiradas de contexto e apresentadas de forma sensacionalista. “Sobre supostas mensagens que me envolveriam publicadas pelo site Intercept neste domingo, 9 de junho, lamenta-se a falta de indicação de fonte de pessoa responsável pela invasão criminosa de celulares de procuradores.
Assim como a postura do site que não entrou em contato antes da publicação, contrariando regra básica do jornalismo.
Quanto ao conteúdo das mensagens que me citam, não se vislumbra qualquer anormalidade ou direcionamento da atuação enquanto magistrado, apesar de terem sido retiradas de contexto e do sensacionalismo das matérias, que ignoram o gigantesco esquema de corrupção revelado pela Operação Lava Jato”, disse em nota o ministro.
O Ministério Público Federal (MPF) disse, em nota, que a violação dos celulares dos procuradores é ilegal. “A violação criminosa das comunicações de autoridades constituídas é uma grave e ilícita afronta ao Estado e se coaduna com o objetivo de obstar a continuidade da Operação, expondo a vida dos seus membros e famílias a riscos pessoais.
Ninguém deve ter sua intimidade - seja física, seja moral - devassada ou divulgada contra a sua vontade.
Além disso, na medida em que expõe rotinas e detalhes da vida pessoal, a ação ilegal cria enormes riscos à intimidade e à segurança dos integrantes da força-tarefa, de seus familiares e amigos”.