O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), afirmou nesta segunda-feira (10) que as mensagens do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, e de procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato comprovam a tese petista de que houve perseguição ao ex-presidente Lula. “Nós, do PT, não vamos tomar atitudes isoladas, vamos nos unir a partidos de oposição e centro para cobrar todas as instituições públicas do Brasil uma profunda investigação”, disse. “Vamos mostrar o que há por trás dessa Operação Lava Jato”.

Para Humberto Costa, os conselhos nacionais de Justiça e do Ministério Público, além do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso Nacional, devem apurar os casos.

Está prevista para a noite desta segunda-feira (10) uma reunião entre partidos de oposição para discutir a apresentação de uma convocação para que Moro vá à Câmara dos Deputados, o que, se for aprovado, ele não poderá recusar.

Além disso, de acordo com a Folha de S.

Paulo, discute-se a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).

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Mas temos convicção de que, se essas investigações se aprofundarem, vamos comprovar vários crimes”, disse Humberto Costa em vídeo.

Para o petista, as trocas de mensagens representam uma “crise sem precedentes”.

Nós vamos buscar, em todas as esferas cabíveis, a apuração dos crimes da Lava Jato e a responsabilização dos seus autores. #VazaJato #FarsaAJato #MoroCriminoso https://t.co/hGgtYJfKXX — Humberto Costa (@senadorhumberto) 10 de junho de 2019 Moro condenou o ex-presidente Lula, em julho de 2017, a nove anos e seis meses de prisão no caso do triplex, em que o petista é acusado de lavagem de dinheiro e corrupção passiva por supostamente ter recebido vantagens indevidas da construtora OAS através de um imóvel no Guarujá (SP).

A pena de Lula foi ampliada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) e reduzida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

O petista foi preso em abril de 2018.

Em novembro de 2018, Moro recebeu o convite para ser ministro do governo Jair Bolsonaro (PSL) e abdicou da magistratura para assumir o cargo em janeiro deste ano.

Mensagens de Moro O site The Intercept publicou nesse domingo (9) mensagens atribuídas a Moro e a Dallagnol em que, no aplicativo Telegram, eles conversam sobre as ações da Lava Jato.

Em uma das conversas, o ex-juiz teria feito sugestões sobre operações. “Olá Diante dos últimos . desdobramentos talvez fosse o caso de inverter a ordem da duas planejadas”, diz o então magistrado em uma delas, segundo o site.

De acordo com a publicação do The Intercept, Moro teria ainda repassado informações a Dallagnol informalmente. “Entao.

Seguinte.

Fonte me informou que a pessoa do contato estaria incomodado por ter sidoa ela solicitada a lavratura de minutas de escrituras para transferências de propriedade de um dos filhos do ex Presidente.

Aparentemente a pessoa estaria disposta a prestar a informação.

Estou entao repassando.

A fonte é seria”, teria dito.

Entre outra passagem, o ex-juiz teria indicado qual deveria ser sua decisão sobre o processo do ex-presidente Lula (PT).

O jornalista Glenn Greenwald afirmou, em entrevista ao UOL, que Moro fala, em mensagens ainda não publicadas, sobre o convite para aceitar o ministério. “Isso foi antes da eleição, acho que depois do primeiro turno”, disse à reportagem do portal.

Resposta Moro afirmou em nota que não há direcionamento na atuação dele, segundo o conteúdo das mensagens.

Segundo Moro, as conversas foram retiradas de contexto e apresentadas de forma sensacionalista. “Sobre supostas mensagens que me envolveriam publicadas pelo site Intercept neste domingo, 9 de junho, lamenta-se a falta de indicação de fonte de pessoa responsável pela invasão criminosa de celulares de procuradores.

Assim como a postura do site que não entrou em contato antes da publicação, contrariando regra básica do jornalismo.

Quanto ao conteúdo das mensagens que me citam, não se vislumbra qualquer anormalidade ou direcionamento da atuação enquanto magistrado, apesar de terem sido retiradas de contexto e do sensacionalismo das matérias, que ignoram o gigantesco esquema de corrupção revelado pela Operação Lava Jato”, disse em nota o ministro.

O Ministério Público Federal (MPF) disse, em nota, que a violação dos celulares dos procuradores é ilegal. “A violação criminosa das comunicações de autoridades constituídas é uma grave e ilícita afronta ao Estado e se coaduna com o objetivo de obstar a continuidade da Operação, expondo a vida dos seus membros e famílias a riscos pessoais.

Ninguém deve ter sua intimidade - seja física, seja moral - devassada ou divulgada contra a sua vontade.

Além disso, na medida em que expõe rotinas e detalhes da vida pessoal, a ação ilegal cria enormes riscos à intimidade e à segurança dos integrantes da força-tarefa, de seus familiares e amigos”.