Uma análise do Fato Econômico, elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), a partir da pesquisa Contas Nacionais Trimestrais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), diz que a queda de dois trimestres seguidos no Produto Interno Bruto (PIB) industrial coloca o setor em recessão técnica.

No primeiro trimestre de 2019, a indústria recuou 0,7%.

A queda é significativa.

Nos três últimos meses de 2018, o PIB do setor já tinha caído 0,3%.

O investimento, medido pela formação bruta de capital fixo, também sofreu pelo segundo trimestre consecutivo.

Esses resultados sugerem que a esperada saída definitiva da crise está em risco. “Esse resultado ruim do PIB demonstra de forma cabal que apenas com a realização de reformas estruturais, como a da Previdência e a Tributária, será possivel o país retomar um novo e sustentável ciclo de crescimento “, afirma o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.

O presidente da CNI avalia que o sistema previdenciário entrará em colapso e inviabilizará qualquer possibilidade de retomada do desenvolvimento econômico e social do País. “Outra urgente e essencial reforma é a tributária.

A complexidade da legislação fiscal é um dos maiores obstáculos a que a atividade econômica brasileira se sujeita”.

A visão da CNI Indústria segue perdendo participação no PIB.

A indústria encerrou 2018 com uma participação de 21,6% do PIB daquele ano ante 27,3% em 2008.

Considerando o acumulado em quatro trimestres até o primeiro trimestre de 2019, o percentual recua novamente, para 21,5%.

O processo de reavaliação das expectativas e cautela dos agentes econômicos pode se intensificar.

Em outros momentos a confiança elevada do início do ano já teria se traduzido em mais produção e mais consumo.

Contudo, a crise foi forte e longa demais, o que afetou as condições financeiras de empresários e consumidores.

A atual reavaliação das expectativas significa um acirramento dessa cautela, se traduzindo em novo adiamento das decisões de consumo, produção e investimento.

O início de uma recuperação a partir do segundo trimestre passa pela tramitação da Reforma da Previdência – mas não se restringe a ela.

O atraso na tramitação da reforma da Previdência dificulta avanços substantivos em outras agendas importantes para a competitividade e o crescimento, dentre as quais destacamos a Reforma Tributária.

Esses avanços são necessários para a redução das diversas defasagens estruturais que dificultam o cotidiano das empresas brasileiras e reduzem nossa capacidade de competir com produtos estrangeiros.

A continuidade do baixo investimento preocupa.

A capacidade produtiva instalada na indústria é mais do que suficiente para atender a demanda esperada até o final do ano, dada a alta ociosidade do parque produtivo.

Contudo, o longo período de baixo investimento traz preocupações adicionais sobre a competitividade da indústria, tendo em vista a depreciação do capital já instalado, o avanço das tecnologias de automação e troca de dados na produção, conhecida como Indústria 4.0.

Por isso, é fundamental que se dê condições para a retomada do investimento, reduzindo custos e incertezas, para que a indústria brasileira melhore sua condição competitiva e ocupe o seu potencial de mercado.

Os fatos, na avaliação da CNI 1.

Indústria está novamente em recessão Apenas os Serviços Industriais de Utilidade Pública cresceram (1,4%) no primeiro trimestre de 2019, frente ao trimestre anterior.

A indústria extrativa recuou 6,3% na mesma comparação, devido ao rompimento da barragem em Brumadinho e a paralisação de outras unidades de mineração em Minas Gerais, com a consequente redução da extração de minérios ferrosos.

A indústria de transformação recuou 0,5%, após queda de 0,9% no trimestre anterior.

Já a indústria da construção recuou 2%, após queda de 0,1% no trimestre anterior. 2.

Indústria de transformação volta a enfrentar baixa demanda e estoques elevados A indústria de transformação continua mostrando dificuldades.

Empresários estão reavaliando suas expectativas e passaram a perceber piora em suas condições de negócios, ao contrário do que ocorria no fim de 2018.

A preocupação com a falta de demanda voltou a ganhar importância entre os principais problemas enfrentados pela indústria, segundo a Sondagem Industrial da CNI.

Além disso, a mesma pesquisa mostra que há estoques em excesso e as condições financeiras das empresas pioraram e seguem debilitadas.

A pesquisa Indicadores Industriais da CNI, referente a março, mostra queda de 4,1% do faturamento no primeiro trimestre de 2019, ante o quarto trimestre de 2018.

Na mesma comparação, a média da utilização da capacidade instalada caiu 0,3 ponto percentual. 3.

Investimento em queda A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) caiu 1,7% no primeiro trimestre de 2019, após queda de 2,4% no último trimestre de 2018.

Essas quedas revertem a maior parte do crescimento de 5,7% ocorrido no terceiro trimestre de 2018.

O investimento, medido pela FBCF, representou apenas 15,5% do PIB, neste primeiro trimestre, enquanto antes da crise esse percentual superava os 20%.