Os senadores aprovaram, na noite desta terça-feira (28), a Medida Provisória que reduz de 29 para 22 o número de ministérios na Esplanada e manteve o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) no Ministério da Economia.

O texto passou por 70 votos a favor e 4 contrários.

Com o apoio decisivo do governo, o destaque à Medida Provisória que tratou especificamente do Coaf foi aprovado por 48 votos favoráveis e 30 contra.

Com o voto do líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), também.

Durante o debate da medida, que durou quase quatro horas, Humberto criticou o recuo do Planalto sobre o posicionamento do Coaf e ironizou a posição conflitante entre os manifestantes que foram às ruas no domingo gritar em alto e bom som que eram a favor do Coaf no Ministério da Justiça e Segurança Pública, e Bolsonaro e o ministro da pasta, Sergio Moro, que declararam ser contra a iniciativa. “Bolsonaro e Moro deveriam ter sido honestos e avisado essa posição aos seus seguidores, muitos deles milicianos virtuais, na semana passada.

Se os eleitores do capitão reformado e admiradores do ex-juiz soubessem que os dois eram contra a permanência do Coaf no Ministério da Justiça e Segurança Pública, não teriam ido às ruas pagar mico acusando o Congresso Nacional de fazer aquilo que tanto Bolsonaro quanto Moro estão defendendo”, disse.

A posição de Bolsonaro e Moro contra o funcionamento do Coaf na Justiça foi divulgada em carta encaminhada ao Senado nesta terça, lida pelo presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-RO), antes da votação da Medida Provisória.

No documento, os dois, junto com os ministros Paulo Guedes (Economia) e Onyx Lorenzoni (Casa Civil), pediram a aprovação da matéria da mesma maneira em que ela passou na Câmara dos Deputados, na última quarta-feira. “Digo uma vez mais: Bolsonaro toma o povo como ignorante e culpa o Congresso por seus próprios atos”, comentou Humberto. “A carta foi o ponto que faltava para que o PT no Senado tivesse certeza que o presidente e o ministro não querem que o Coaf permaneça no Ministério da Justiça.

Os manifestantes do domingo que defendiam o Coaf com Moro poderiam organizar um outro ato, agora, contra o próprio ministro e o presidente”. “O Coaf, sob o guarda-chuva do então ministério da Fazenda, conseguiu chegar em Queiroz, no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, e identificar toda a movimentação milionária realizada nas contas dele.

Depois disso, muita coisa foi descoberta nesse caso.

Por que alguns querem tirá-lo de lá?”, disse Humberto Costa. “A opinião de Moro sobre onde deve ficar o Coaf é irrelevante, pois o ministério não é dele e tem mais de 100 anos de história.

O Coaf sempre funcionou muito bem na Fazenda.

Desde 2014, várias dessas operações policias e processos judiciais foram feitos com base em informações do Coaf.

Agora, se alguém quer ter esse órgão na mão para transformá-lo num instrumento de disputa política e perseguição, é outra história”, disse.