O presidente Jair Bolsonaro e os ministros da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e da Economia, Paulo Guedes, assinaram uma carta entregue ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), na qual pedem que a Medida Provisória 870, que trata da reforma administrativa do governo, seja aprovada na Casa nesta terça-feira, 28, sem alterações no texto que passou pela Câmara dos Deputados na semana passada.

Os deputados aprovaram o texto-base que manteve a redução de ministérios de 29 para 22.

O apelo de Bolsonaro, Moro e Guedes se dá diante de articulações de senadores governistas, capitaneada pelo líder do PSL no Senado, Major Olímpio (SP), para manter o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sob a guarda da pasta da Justiça e Segurança Pública.

Em uma derrota para Moro, a Câmara aprovou, por 228 votos a 210, a volta do Coaf à Economia.

Com informações da Veja ‘Bolsonaro mandar suas milícias virtuais pararem de atacar as instituições e começar a governar’ Dois dias depois das manifestações pró-governo, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), criticou os pedidos de fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF), “estimulados por Bolsonaro”, e classificou como “muito oportunista” o fato do presidente incitar a violência contra o sistema em que ele se originou e viveu por décadas. “Melhor do que armar um café da manhã com outros chefes de Poderes para fingir normalidade, como fez na manhã desta terça-feira (28), Bolsonaro deveria mandar as suas milícias virtuais pararem de atacar as instituições e os membros dos Poderes da República, pois esses atos não levam a nada”. “Um pacto tem de ser fechado é com toda a sociedade, em seus mais diversos matizes.

Não é somente entre chefe de Poderes e, muito menos, tendo o presidente da República como condutor, ele que estimulou esses ataques institucionais, e, menos ainda, tendo essa armada manifestação pró-governo como pano de fundo para esse acordo”, disse. “Os ataques promovidos nas ruas pelos manifestantes contra o Centrão, reunião de partidos absolutamente desconhecida do brasileiro comum, mas que surgiu como carro-chefe da manifestação, é a prova cabal das digitais de Bolsonaro na instrumentalização dos atos”. “Bolsonaro passou as últimas semanas acusando o Legislativo de não lhe deixar governar, como se realmente se empenhasse para tal.

Ele só omitiu que o Congresso Nacional que hoje ele ataca é o mesmo em que passou 28 anos, depois de ter se aposentado do Exército aos 33 anos”, declarou.

O senador ressaltou que o presidente só esqueceu de dizer aos seus seguidores que o Centrão, apontado como a origem de todo os males do seu governo, é formado por partidos aos quais Bolsonaro mesmo foi filiado por mais de 20 anos. “O pacto proposto por Bolsonaro com os outros chefes de Poderes para tentar normalizar a situação é pura balela e jogo de marketing – que só cai quem quer.

Há duas décadas, Bolsonaro defendia abertamente o fechamento do Congresso e a morte do então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso”. “De lá para cá, ele repetiu isso diversas vezes.

Hoje presidente, só tirou do discurso a proposta de matar o chefe do Executivo.

Por razões óbvias.

Mas segue jogando seus seguidores contra a Câmara, o Senado e o Supremo, numa clara demonstração de desapreço ao regime democrático.

Ele não sabe lidar com o contraditório, com a oposição, com negociação. É autoritário e ditatorial”, disparou.

O líder do PT no Senado disse entender que, “em vez de buscar se esconder na rede de linchamento virtual suja”, “por onde Bolsonaro transitou durante todo o período eleitoral”, ele precisa entender que não está mais em campanha e necessita de propostas ao povo. “Ele tem de oferecer aos brasileiros soluções para os altos índices de desemprego, para a queda de renda, para a depressão econômica em que o país está às bordas de entrar. É disso que precisamos. É isso que, na próxima quinta-feira, dia 30, a população vai voltar às ruas em todo o Brasil para cobrar.

Haverá novos protestos nacionais em defesa da educação”, finalizou.