Agência Brasil - Ainda é incerto no Senado o resultado da votação do projeto de lei de conversão da MP 870, que trata da reforma administrativa do governo federal.
O assunto, que é a prioridade do plenário na sessão deliberativa desta terça-feira (28), é também alvo de disputa entre a Câmara e o Senado.
O motivo tem a ver com o destino do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
Sob o argumento de fortalecer o órgão, o texto original da medida provisória proposta pelo governo transferia o Coaf do Ministério da Economia para a pasta da Justiça, comandada por Sergio Moro, mas os deputados decidiram que o órgão deve mesmo voltar para o controle do ministro Paulo Guedes, da Economia.
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Na última quinta-feira, durante uma transmissão ao vivo pelo Facebook, o presidente Jair Bolsonaro sinalizou que, para garantir a aprovação da reforma administrativa a tempo, abriria mão do Coaf com Moro. “No meu entender, [o Senado] deve aprovar o que foi votado na Câmara, e vamos seguir em pautas mais importantes”, declarou o presidente, em referência à decisão dos deputados.
Combate à corrupção Mas, no Senado, sobretudo após as manifestações populares desse domingo (26), a avaliação de um grupo de senadores é de que o Coaf, sob a responsabilidade de Moro, é um anseio dos brasileiros. “Eu vejo como fundamental para o projeto Bolsonaro que se elegeu em cima de duas bandeiras: combate à criminalidade e combate à corrupção”, disse o líder do PSL no Senado, Major Olímpio (SP), acrescentando que desistir da medida seria um “tiro no pé do governo”.
Major Olímpio (Foto: Ananda Borges/Câmara dos Deputados) Olímpio ressaltou que as negociações continuam até a hora da votação.
O senador acredita ainda que a permanência do Coaf com Moro terá o apoio de cerca de 44 dos 81 senadores, três votos a mais que o mínimo necessário. » ‘E se, quando sair Moro, for Flávio Bolsonaro?’, questiona Coutinho sobre Coaf » Votação que devolveu Coaf para Economia é inconstitucional, dizem juízes » Silvio Costa Filho defende que Coaf fique com Moro » PSL ‘está dividido’ sobre transferência do Coaf, diz Bivar » Ausência de parlamentares, incluindo Túlio Gadêlha, mudou votação sobre Coaf Na mesma linha, o líder do PP, senador Esperidião Amin (SC), disse nesta segunda-feira (27) que Moro é uma figura ligada diretamente ao combate à corrupção sistêmica no Brasil, com “reconhecimento mundial” em função do trabalho que desempenhou na Operação Lava Jato.
Senador Esperidião Amin (PP-SC) (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil) “Temos tempo.
Se o Senado votar amanhã, a Câmara analisa na quarta.
Temos tempo, a Câmara sempre manda matérias em cima da hora para o Senado e votamos, não somos carimbadores”, afirmou.
Já a senadora Simone Tebet (MDB-MS) disse que o placar da votação de amanhã será apertado e imprevisível.
Para ela, há o risco de a reforma administrativa não ser aprovada a tempo.
Humberto Costa (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado) Um dos poucos a defender o Coaf nas mãos de Paulo Guedes foi o senador Humberto Costa (PT-PE).
Segundo ele, o Senado deve confirmar o texto da Câmara que, lembrou, foi o mesmo aprovado pela Comissão Mista da MP 870 com deputados e senadores, na primeira etapa da tramitação do texto.
Costa disse ainda que, mesmo longe de Moro, o Coaf vai continuar fazendo o seu papel de investigação.
Para o parlamentar, as manifestações não terão efeito no plenário do Senado.