O presidente da comissão especial da reforma da Previdência, Marcelo Ramos (PR-AM), criticou o presidente Jair Bolsonaro (PSL) nesta segunda-feira (20), em entrevista à Rádio Jornal. “O presidente parece não ter muita convicção quanto à reforma e não ter muito espírito democrático, apreço pelo diálogo e pelas instituições republicanas”, afirmou. “Mas não podemos permitir que essa tentativa de estabelecer o caos por parte do presidente contamine a nossa atuação”.
No fim de semana, gerou reação entre os parlamentares um texto distribuído por Bolsonaro em diversos grupos de WhatsApp na sexta-feira (17).
O material, de “autor desconhecido”, trata das dificuldades que ele estaria enfrentando para governar e critica o Congresso.
Além disso, deputados têm reclamado da articulação política do presidente, que vem sofrendo derrotas na Câmara, como na Medida Provisória da reforma administrativa.
Ramos afirmou que, no substitutivo que será apresentado pelo relator Samuel Moreira (PSDB-SP), deverão ser retirados do projeto original os trechos que mudam a aposentadoria rural e o Benefício de Prestação Continuada (BPC).
Além disso, há uma tendência, segundo o presidente da comissão, de que saia a previdência dos professores.
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Isso não é sustentável.
Vai ter que deixar de comer e vai morrer antes do tempo de se aposentar”, disse Ramos. “Não há informações sobre quem vai pagar o estoque de aposentados nem quanto é essa conta e nós não vamos dar um cheque em branco para o governo.
Essa conta pode ser maior do que o R$ 1 trilhão da economia e nós não vamos entrar nessa aventura”.
Apesar das alterações no projeto, o presidente da comissão especial enfatizou que não haverá uma nova proposta do Congresso, como chegou a ser ventilado na última sexta-feira (17). “Houve um mal entendido.
Um novo projeto reiniciaria o processo legislativo”, frisou.
Ramos disse ainda que serão mantidos os prazos, que preveem a apresentação do relatório ainda em maio e a votação em junho, e a previsão de uma economia de cerca de R$ 1 trilhão em dez anos. » Tabata Amaral contraria PDT e apoia reforma da Previdência » A governadores, Bolsonaro defende a reforma da Previdência » Opositor admite que governo não deve ter dificuldade com reforma em comissão » No programa Silvio Santos, Bolsonaro defende reforma da Previdência » Joice vai criar ‘gabinete de inteligência’ da Previdência » Bolsonaro promete a líderes da comissão especial empenho na Previdência “O calendário da comissão está absolutamente mantido e dentro do cronograma.
Mas existe um prazo regimental de apresentação de emendas, que é de dez sessões e que acaba semana que vem, para a partir daí concluir audiências e apresentar relatório”, explicou. “Apresentado o relatório, o tempo já não é nosso, é o tempo da politica, que precisa amealhar os 308 votos”.
Ramos lembrou da votação sobre a idade mínima para aposentadoria no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), proposta que não passou por um voto. “Por conta disso, há 23 anos não temos idade mínima na aposentadoria, acontece que o Brasil não tem mais 23 anos para esperar”.