Por unanimidade, o pleno do Tribunal Federal Federal da 5ª Região (TRF5) aceitou, nesta quarta-feira (8), a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra o prefeito afastado do Cabo de Santo Agostinho, Lula Cabral (PSB), nas investigações sobre o Caboprev, o instituto municipal de Previdência.
O socialista agora é réu.
Quinze magistrados compõem o pleno do TRF5.
O relator do processo é o desembargador Edilson Nobre.
O julgamento começou às 13h30 e durou mais de três horas.
Lula Cabral é acusado de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta de instituição financeira.
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De acordo com as investigações, que correm em segredo de Justiça, Lula Cabral teria supostamente ordenado a transferência de mais de R$ 92 milhões do Caboprev – que antes se encontravam investidos em instituições sólidas, como a Caixa Econômica Federal – para fundos de investimento que, segundo o MPF, colocavam em em risco o pagamento da aposentadoria dos servidores.
Esses fundos eram geridos pela empresa Terra Nova.
A denúncia do MPF foi apresentada em novembro do ano passado.
No documento, o procurador José Cardoso Lopes afirma que Lula Cabral “tomou enérgicas providências para viabilizar a gestão fraudulenta da Caboprev”.
Para o Ministério Público, “em razão da vantagem indevida que lhe fora oferecida pelos representantes” da empresa.
A acusação aponta que o prefeito teria sido beneficiado com “grandes somas em dinheiro vivo, que se estima em aproximadamente R$ 6 milhões”. » Vice do Cabo vai fazer reforma e trocar secretários de Lula Cabral » Presidente do Caboprev é exonerado dois meses após prisão de Lula Cabral » Lula Cabral procuraria outros prefeitos para investir em fundo investigado, diz ministra » MPF denuncia Lula Cabral por corrupção passiva e lavagem de dinheiro » Vereador vai à Justiça por comissão para investigar Lula Cabral » Preso no Cotel, Lula Cabral consegue licença remunerada por 90 dias O procurador cita a apreensão de R$ 418.300 e 47.130 euros “sem origem declarada” em um imóvel do socialista.
Ainda de acordo com o MPF, Lula Cabral “desfruta de um padrão de vida elevadíssimo, incompatível com o cargo de um prefeito municipal”.
O caso foi julgado pelo TRF5 porque o prefeito tem foro privilegiado, já que os atos foram supostamente cometidos no exercício do mandato.
Desde a prisão de Lula Cabral, a cidade é administrada pelo vice-prefeito Keko do Armazém (PDT).
O prefeito foi preso no dia 19 de outubro e liberado no dia 14 de janeiro.
Apesar disso, por determinação judicial, deve ficar afastado da prefeitura por 180 dias.
A defesa de Lula Cabral afirmou, em nota, que a acusação é absurda e enfatizou que o prefeito vai “provar sua inocência”.
Outros acusados Além de Lula Cabral, tornaram-se réus André da Câmara Barros Maciel (genro do prefeito), acusado de lavagem de dinheiro e corrupção passiva; e Célia Verônica Emídio Dutra (ex-diretora-presidente do Caboprev), Luiz Alves de Lima Filho (ex-secretário de Gestão Pública) e Antonio Gilson Falcão Faisbanchs (ex-gestor do instituto), denunciados por gestão fraudulenta do Caboprev.
No documento, o MPF afirma que André da Câmara foi o responsável por receber os supostos repasses da Terra Nova.
De acordo com o TRF5, os desembargadores também decidiram desmembrar o processo para que os outros seis dos 11 investigados tenham a denúncia recebida ou não no Primeiro Grau da Justiça Federal de Pernambuco.