O bom senso reage Por Luciano Siqueira, vice-prefeito do Recife pelo PCdoB O despreparo para o exercício do mais alto cargo da República leva o seu titular a agir de modo inopinado, a mais das vezes na tentativa de contemplar o senso comum dentre a parcela do eleitorado tida como seu “núcleo duro” de apoio.
Nessa linha, Bolsonaro anunciou recentemente a intenção de retirar os radares das rodovias federais, a seu ver sem nenhuma utilidade, salvo punir com multas cidadãos apressados.
Como a ele próprio, filhos e atual esposa, conforme reportagem da Folha de S.
Paulo, dias atrás, detentores cada um de um rol de flagrantes por dirigirem em velocidade superior à permitida.
No sentido contrário, técnicos do próprio governo encaminharam à Justiça um levantamento amplo e circunstanciado que demonstra exatamente o contrário: a absoluta necessidade de se manter (e ampliar) os radares.
Segundo o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) precisamente 8.031 faixas necessitam ser controladas pelas chamadas lombadas eletrônicas, nas rodovias federais.
Isso implica em cerca de 4 mil novos equipamentos (cada radar cobre duas faixas).
No momento, estão em operação apenas 265 radares cobrindo 560 faixas em todo o País.
Dados oficiais demonstram que houve redução de acidentes fatais em 72,8% das rodovias onde se instalaram radares.
Enquanto isso, problemas de toda ordem se agravam e levam a uma piora progressiva das condições de existência dos brasileiros.
Mas o presidente se deixa enredar em caprichos como este, além de alimentar diariamente verdadeira guerra intestina entre o que se tem chamado de grupo “ideológico” do governo, liderado à distância pelo astrólogo-guru Olavo de Carvalho, versus militares que compõem o primeiro escalão e o próprio vice-presidente da República.
Tudo marcado por um primarismo a toda prova, que resvala inclusive para perda substancial de prestígio do Brasil na cena internacional.
Também se esgarça a confiança do próprio mercado, todo poderoso segmento a quem Bolsonaro e sua equipe econômica devem a entrega de uma agenda francamente favorável a uma maior financeirização da economia, em prejuízo da retomada real do crescimento mediante investimentos industriais.
No caso das lombadas eletrônicas – emblemático por si mesmo -, o bom senso reage.
Que assim seja, crescentemente, nas diversas esferas da vida do País e, por essa via, se possa acumular condições sociais e políticas para em futuro breve se consignar novo pacto em favor da democracia e o desenvolvimento.