Estadão Conteúdo - Integrante de um partido de oposição ao governo Jair Bolsonaro (PSL), a deputada federal Tabata Amaral (PDT-SP) ganhou os holofotes ao contrariar o próprio partido e defender publicamente a necessidade de uma reforma da Previdência.

Autodeclarada progressista, ela afirmou ao ‘Estadão/Broadcast’ que sente “uma tristeza muito grande” ao ver deputados e partidos se posicionarem contra a reforma.

Um deles é o próprio PDT, que fechou questão contra a proposta. “Eu não consigo entender.

Quem é progressista, quem tem a luta social como algo do sangue mesmo, como que essas pessoas não se posicionam contra a desigualdade que é perpetuada pela Previdência?”, disse.

Embora não esteja na Comissão Especial que analisará a partir de hoje o texto da reforma no Congresso, ela disse que trabalhará para esclarecer parlamentares e população sobre pontos bons e ruins da proposta.

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Por outro lado, disse que o Congresso não pode se furtar diante da grave situação da Previdência, que deve ter um rombo superior a R$ 300 bilhões neste ano, considerando INSS e regime de servidores federais.

Para ela, a discussão sobre uma idade mínima, as alíquotas progressivas (que aumentam quanto maior é a renda do trabalhador) e o combate a privilégios nas aposentadorias de servidores vão na direção certa.

Eleição Ao admitir méritos na proposta, Tabata se coloca em um campo distinto ao do deputado Paulinho da Força (SD-SP), que descartou votar em proposta capaz de reeleger Bolsonaro.

Ela classificou como “lamentável” colocar o cenário eleitoral como variável. “Espero que os deputados entendam o quão grave é a gente aprovar uma proposta injusta e o quão grave é não aprovar nenhuma proposta”, disse.

Tabata é deputada de primeiro mandato e uma das fundadoras do Movimento Acredito, que pretende formar nova geração de lideranças políticas.

Nascida na periferia de São Paulo, formou-se em Harvard, prestigiosa universidade americana.

Foi a sexta deputada mais votada de São Paulo em 2018. » Joice vai criar ‘gabinete de inteligência’ da Previdência » Marinho pede que oposição apresente proposta para a Previdência » Comissão da reforma da Previdência deve votar parecer em junho » Oposição vai manter obstrução contra reforma da Previdência, diz Gleisi » Reforma da Previdência tem pontos ‘natimortos’, avalia deputado Já no Congresso, chamou a atenção ao travar duro debate com o ex-ministro da Educação Ricardo Vélez, criticando a falta de dados na audiência.

E vem sendo alvo de críticas tanto da esquerda quanto da direita por não se denominar em nenhum dos campos e divergir com lideranças desses dois polos.

Embora sua principal bandeira seja a educação, ela disse que vem há dois anos estudando o tema da Previdência e critica o “debate raso”. “Nossa Previdência leva dinheiro de quem tem menos para quem tem mais, perpetua desigualdades.

Essa é a minha discordância com a esquerda”, disse.

A falta de profundidade nas discussões também atinge, em sua visão, a trincheira dos governistas.

Para ela, esses parlamentares aceitam medidas que podem ser injustas com trabalhadores para garantir a economia de R$ 1,2 trilhão em dez anos pretendida pelo governo.

Tabata já apresentou seis emendas sugerindo mudanças no texto e pretende apresentar outras três: “Não posso esperar de braços cruzados”.

Saiba o que pensam os pernambucanos sobre a reforma da Previdência