Por Fábio Lucas, em artigo enviado ao blog Nos Estados Unidos, chega a 20 o número de interessados na vaga de candidato a presidente nas eleições do ano que vem, pelo partido Democrata.
Como as prévias estão distantes, a quantidade pode aumentar.
Trata-se de um recorde para a disputa interna dos democratas, de olho no desgaste que Donald Trump tem produzido à própria imagem desde que assumiu a Casa Branca.
O trunfo do magnata para se reeleger, até aqui, é a economia de vento em popa.
Apesar das polêmicas posturas assumidas no primeiro mandato, como a construção de muralha na fronteira com o México a fim de conter a corrente migratória.
Duas dezenas de concorrentes para o posto de candidato à presidência em um único partido.
A informação pode soar estranha aos ouvidos de um brasileiro.
Afinal, os nossos partidos estão mais que desprestigiados.
As estruturas partidárias no País andam em crise.
As bandeiras de antigas e reformuladas siglas encontram-se rotas, envelhecidas, à espera de costuras e substituição dos remendos.
E nem se fala de “velha” ou “nova” política: a fragilização dos partidos é um fato da política no Brasil e em boa parte do mundo.
No presente, sem adjetivos talhados para o entretenimento eleitoral.
Alçado ao Palácio do Planalto no vácuo da decadência dos grandes partidos no poder, Jair Bolsonaro agora sofre com a pulverização partidária para governar.
Seu partido não impõe liderança, e sua liderança não inspira a aglomeração de uma aliança partidária.
Do lado oposto, os que se contrapõem ao governo tão pouco dispõem de um partido orgânico sequer para galvanizar a insatisfação e as discórdias.
Vale mencionar a estratégia da situação para angariar apoio na votação da reforma da Previdência.
A promessa de suplemento milionário em emendas para cada deputado que vote na aprovação da reforma demonstra, além das peculiaridades do método, a diferença do alvo: não importa de qual partido seja o parlamentar.
Como se os partidos não fizessem parte do jogo.
Trump e Bolsonaro se associam a cenários partidários bem diferentes, em princípio.
A profusão de candidaturas de oposição em um único partido representa, nos EUA, a expectativa de fortalecimento institucional e renovação democrática - já que Trump também se ergueu atacando a política tradicional.
No Brasil, a direção apartidária do governo não aponta, por ora, a nada além da falta que fazem os partidos.
Fábio Lucas é jornalista