O LIDE Mulher e o LIDE Pernambuco trouxerm o jornalista William Waack para um seminário no Recife, nesta terça-feira, 16.
Na pauta, os 100 dias do Governo Bolsonaro e impactos no País.
O seminário, para convidados e filiados do LIDE Mulher e do LIDE Pernambuco, aconteceu no Mar Hotel, em Boa Viagem, até por volta do final da manhã.
William Waack deixou uma mensagem positiva.
O tarimbado jornalista pediu que as pessoas refletissem sobre as escolhas que fazem. “Nada disto (que sofremos no Brasil) nos foi imposto.
Não é culpa também dos marcianos, mas de nossa condescendência.
Seja com a inflação, com a corrupção, com a dívida pública.
Nós precisamos de 40 anos para chegar na renda média de Portugal.
Isto tudo depende de nós”, afirmou.
Waack começou sua palestra explicando que Bolsonaro não teria mais 100 dias como os demais presidentes porque os tempos de hoje não são normais.
Não são tempos cronológicos e está condicionado pelo que as pessoas sentem, a partir das redes sociais principalmente.
Além disto, Bolsonaro criou uma expectativa extraordinária. ““Criamos uma repulsa à política, mas temos que aceitar que a resposta (aos nossos problemas) vem da política.
Não vai ter lua de mel.
Não vai ter 100 dias.
Bolsonaro, assim, é prisioneiro da repulsa pela política (que ajudou a criar).
Os dois fatores consumiram o tempo de Bolsonaro mais rápido”, afirmou.
Waack afirmou que, neste primeiro momento, um dos primeiros desafios do novo presidente, é ser obrigado a se entender com outros poderes, como o Legislativo, com suas fortes prerrogativas, que pode gerar um conflito desenhado. “O verdadeiro representante do povo é o deputado, eleito”, diz. “Qual vai ser a governabilidade do governo Bolsonaro?, questionou, diante desta situação posta. “Em um sistema de baixa capacidade decisória” Na avaliação do profissional de comunicação, os dois maiores desafios do Brasil são o crime, mortes (Moro) e a dívida pública (Paulo Guedes). “No caso da taxa de sangue, é a mesma há 12 anos.
Há complacência, que nos sufoca a curto prazo e não é uma questão técnica”, apontou. “Já falar de dívida pública é falar do fracasso de uma geração.
A gente queria ter um estado de bem estar social, mas ele (o tal estado de bem estar social) não tem relação dos gastos públicos e a capacidade da economia de financiar.
Agora a gente chegou a um encontro com a verdade.
O Brasil gastou o que não tinha e quebrou.
De cada real que sai dos cofres públicos, 75% é para pagar algum tipo de benefício, seja pensão ou desonerações (incentivos para empresas).
Dois terços são dependentes do Estado, mascarando um problema social.
Nos últimos 30 anos, nos nos dedicamos a explodir as contas e de outro a segurar a competitividade.
Subimos impostos e emitimos dívida para financiar isto.
Os gastos brasileiros chegaram ao limite do possível”, afirmou.
Neste hora da sua avaliação, Waack disse que não era fácil o desafio do Brasil por, além das contas públicas, há o problema da renovação da política. “No Brasil, os partidos se assemelham a quadrilhas.
Eles abocanham pedaços da máquina pública, eles estão desvinculados de uma (ideia de) nação”, observou. “No caso do Brasil atual, há um Bolsonaro com capital político forte e que tem que lidar com um Congresso com baixa decisão e os partidos políticos.
Qual a governabilidade (vai resultar disto)?
Mas como fazer isto se a gente detesta a política?”.
Nesta hora, o jornalista citou as operações de combate à corrupção e os seus efeitos na política. “A operação Lava Jato não pode ser entendida como uma ação ou operação apenas. É um enorme manifestação de revolta popular, um estado de insatisfação com um sistema político que lhe é prejudicial… o sujeito pensa eu trabalho, eu ralo, eu pago impostos e eles roubam.
Neste sentido, funcionando como um controle externo da política, teve um lado bom, mostrando que o engajamento político traz resultados.
Pegou as instituições e estão sendo varridas.
O sistema foi arrebentado de fora para dentro” Willian Waack comentou que, neste quadro de coisas, os maiores problemas de Bolsonaro são libertar-se do palanque e buscar a articulação política. “Bolsonaro tem severas dificuldades.
A articulação é uma delas.
Ele (ajudou) a destruir o sistema… a articulação política virou palavrão, por conta da eleição, por conta da insatisfação (criada no clima da eleição).
A articulação virou pedra no sapato.
Como separar a política antes ou depois (dele, Bolsonaro) ?
Não existe nem velha nem nova política, existe política.
E isto nos leva a seguinte situação.
Bolsonaro tem capacidade de entregar (o que prometeu)? É mais amplo do que arrumar os 308 votos da reforma da Previdência.
Vejam que isto (a falta de articulação) pode afetar o projeto do combate à criminalidade ou a capacidade de segurar os gastos”, disse. “Como ganhou?
Criou uma narrativa abrangente.
Bolsonaro tem que se dirigir para a sociedade como um todo.
Ele está preso ainda a algumas frases (da campanha) e o tempo está ganhando dele”, comentou.
Por mais de uma vez, Willian Waack defendeu a necessidade de articulação política. “Temos que descer destes chavões da política, nova política, toma lá da cá.
Dilma era incapaz de entender como funciona o Legislativo e foi caída.
Outros (como Lula e FHC) entenderam o jogo político, não é sujo nem ilegítimo…” “(o problema) a postura adotada até aqui é: eu fiz a minha parte (ao entregar o projeto da reforma).
Se não aprovar, o inimigo da nação é ele” “O governo vai ter que enfrentar interesses sólidos das corporações.
Neste momento, o governo cede na política dos preços da Petrobras, em agrado aos caminhoneiros.
A votação das reformas não vai satisfazer a todos … então, é isto que se possa chamar de articulação política?” “Na greve dos caminhoneiros, as pessoas aprovaram o prejuízo porque queriam dar uma banana para os políticos, mas parece que a população não sabe o que é o dinheiro público.
O que é deles, que vem dos impostos.
Não estabelece que delega a alguém para que se possa taxar.
Elas não entendem que o governo não tem dinheiro, tem dificuldade de entender a política também.
Assim (a reação) não é ir para rua, dar dislikes…
Moro foi ser político e dá um sinal, de que através da política pode mudar”, comentou.
No meio de sua fala, Waack criticou a imprensa, mas fez a sua defesa também. “As elites formadoras de opinião tem um déficit… exige que as pessoas recuperem um mínimo de confiança na política… não se deve cair na tentação de tirar o intermediário.
Não dá certo (só) as redes sociais”. “O problema da mídia é mais sério do que as fake news, do que jogar bosta no adversário, é mais sério mesmo do que em outros países.
As pessoas perderam o padrão de referência.
O público considerava ou não aquilo a referência.
Isto se perdeu, até desconfiam, em função da miséria intelectual e política.
Depois que elas se deixaram cair nesta situação, a população está órfão de referências”, disse.
Na parte das respostas, Willian Waack voltou a defender que a população tem o comando das mudanças. “Não existem líderes ou partidos prontos na prateleira.
Nós estamos colocando a responsabilidade nos ombros… se eles vão crescer dentro dos papeis é outra história.
Os políticos que temos hoje nos poderes estarão à altura?
Nós e as elites estamos entendendo a tarefa?
Se sim, nos vamos empurra-los nessa direção”, defendeu.