O PT divulgou uma carta do ex-presidente Lula neste domingo (7), data que marca um ano de prisão dele.
No texto, lido pela presidente nacional do partido, deputada Gleisi Hoffmann (PR), na manifestação realizada em Curitiba, ele se coloca como um “preso político, exilado dentro do meu próprio país”.
Além disso, afirma que os adversários estão “cada vez mais raivosos e infelizes, envenenados pelo próprio ódio que destilam”.
Leia a íntegra da carta: “Meus amigos e minhas amigas, incansáveis companheiras e companheiros de luta.
Há exatamente um ano, estou preso pelo crime de dedicar uma vida inteira à construção de um Brasil mais justo, desenvolvido e soberano.
Impediram minha candidatura à Presidência para que eu não subisse outra vez a rampa do Palácio do Planalto, empurrado pelos braços de cada um e cada uma de vocês, para que juntos revertêssemos o desmonte do Estado brasileiro promovido pelos meus algozes.
Há exatamente um ano, estou isolado na cela de uma prisão em Curitiba.
Jamais apresentaram uma única prova contra mim.
Sou preso político, exilado dentro do meu próprio país.
Separado do povo brasileiro, de meus familiares e dos amigos mais queridos.
Proibido de dar entrevista, impedido de falar e de ser ouvido.
Pensavam que a imposição desse longo silêncio calaria para sempre a minha voz.
Pois não calaram, nem calarão.
Porque somos milhões de vozes.
Há exatamente um ano, sou acalentado pelo “Bom dia” e pelo “Boa noite, presidente Lula”, entoados a plenos corações não apenas pelos bravos integrantes dessa que é uma das mais longas vigílias de toda a história, mas também pela solidariedade que chega de todos os cantos do Brasil e até de outros povos do mundo.
Há exatamente um ano, meus adversários buscam um motivo para comemorar, e não encontram.
Temos sofrido repetidos revezes desde o golpe contra a presidenta Dilma, é verdade.
Mas nossas derrotas nos fortalecem para a luta, ao passo que suas vitórias não dão a eles um minuto sequer de paz.
Eles estão cada vez mais ricos, mas a fortuna obtida à custa do sofrimento de milhões de brasileiros não lhes traz felicidade.
Eles estão cada vez mais raivosos e infelizes, envenenados pelo próprio ódio que destilam.
Na despedida do meu neto Arthur, o Brasil inteiro foi surpreendido pelo imenso e desnecessário aparato repressivo montado contra mim.
Viaturas, helicópteros, militares portando armamento pesado.
Tudo para impedir que eu até mesmo acenasse para aquelas pessoas solidárias à dor de um avô.
Na mesma hora compreendi que o medo deles não é do Lula.
Eles têm medo é dos milhões de Lulas.
Porque eles sabem do que somos capazes quando nos unimos para transformar este país.
Estamos vivos e fortes.
Juntos, vamos reverter cada retrocesso, cada passo atrás na dura caminhada rumo ao Brasil que sonhamos e que provamos ser possível construir.
Venceremos.
Um abraço, e até a vitória!
Luiz Inácio Lula da Silva” Prisão Lula se entregou à Polícia Federal no no dia 7 de abril de 2018, no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP), lugar que marcou o início da sua carreira política.
Desde então, está preso em uma sala reservada para ele na Superintendência da PF em Curitiba.
Lula havia chegado ao sindicato no dia 5, uma hora após o então juiz Sérgio Moro, hoje ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro (PSL), assinar o despacho da prisão.
Foi o magistrado que condenou, em julho de 2018, o ex-presidente em primeira instância por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, no caso do triplex.
Seis meses depois, a 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) ampliou a pena em três anos e fixou em 12 anos e 11 meses de prisão.