] Pouco antes das 20h30, depois de mais uma bate boca com os parlamentares da oposição, O presidente da Comissão de Constituição, Cidadania e Justiça (CCJ) da Câmara, Felipe Francischini (PSL-PR), encerrou a sessão que debatia a reforma da Previdência, com o ministro da Economia Paulo Guedes pedindo que fosse respeitado pelo deputado Zeca Dirceu, do PT.

No início, o ministro da Economia, Paulo Guedes, colocou à disposição dos parlamentares as simulações feitas pela equipe técnica que analisou a reforma da Previdência.

LEIA TAMBÉM » Paulo Guedes diz que BPC menor que salário mínimo é opcional » Guedes diz que reforma precisa ter ‘potência fiscal’ para lançar capitalização Guedes enfrenta artilharia da oposição em audiência sobre reforma Durante debate na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, ele afirmou que há muita confusão sobre as mudanças propostas, especialmente sobre eventuais prejuízos causados por regras de transição.

Guedes insistiu que o atual sistema não é mais previdenciário, mas sim de assistência social, em que parte das pessoas conta com privilégios.

Carlos Veras critica reforma da Previdência na Câmara Guedes diz que capitalização ficará de fora se economia não chegar a R$ 1 trilhão Reforma da Previdência terá impacto 14 vezes maior para servidores “A população não tolera mais que a Previdência seja uma fábrica de desigualdades”, afirmou. “A reforma pretende evitar que o Brasil se torne uma Grécia ou Portugal”, disse o ministro, citando países que têm dificuldade em pagar aposentadorias.

O ministro afirmou que o sistema de capitalização individual, em que cada futuro trabalhador teria uma conta para as contribuições para aposentadoria, ajudaria a educar financeiramente os jovens, além de permitir que as próximas gerações se beneficiem dos juros acumulados. “Quem acha que não é necessária a reforma é caso de internamento”, disse Guedes, causando reação imediata dos deputados que se opõem à reforma.

O déficit previdenciário dos municípios Em carta dos Prefeitos do Nordeste para Bolsonaro, não se fala em reforma da Previdência Em seguida tentou se corrigir, afirmando que é necessário “internar” não quem recusa a atual proposta, mas sim a necessidade de mudanças no atual sistema.

Deputados continuaram a reclamar do ministro. “Estou otimista, eu sei que vocês sabem que é necessário fazer uma reforma”, afirmou Guedes.

Desde cedo, por mais de quatro horas, o ministro enfrentou uma artilharia da oposição no início da audiência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) sobre a proposta de reforma da Previdência encaminhada pelo governo Bolsonaro.

Os deputados da oposição não deram trégua ao ministro na fase de sequência de perguntas.

O deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) disse que Guedes é mais perverso do que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso quando fez mudanças no sistema de Previdência.

Lopes afirmou que o ministro “faltou com a verdade” ao afirmar que o governo gasta R$ 700 bilhões com a Previdência Social.

Para o deputado, parte desses recursos foi para pagamento da seguridade social.

Aos gritos e batendo na mesa, Lopes disse que Guedes mentira: “É seguridade social”.

O presidente da CCJ, Felipe Francischini (PSL-PR), teve que conter mais um início de bate-boca e pediu respeito ao ministro.

O deputado do PT acusou a mídia de tratar o ministro da Economia como último “gatorade do deserto” e afirmou que esperava uma apresentação mais técnica de Guedes.

Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados O deputado Silvio Costa Filho (PRB-PE) interrompeu a audiência dizendo que os parlamentares não davam um bom exemplo ao atacar Paulo Guedes de forma desrespeitosa.

Foi vaiado e aplaudido.

O deputado Alencar Santana Braga (PT-SP) disse que o governo “vive com base na mentira” e questionou a intenção de Guedes de propor o sistema de capitalização. “Se o sistema atual que tem três financiando (trabalhador, empregador e governo) está falido, como vai ficar a capitalização em que só o trabalhador contribui?”, indagou.

Ele anda provocou o ministro sobre a proposta dos militares, que foi apresentada separadamente. “Por que os militares não vão para a capitalização se ela é tão boa?”, questionou.

Bate-boca Paulo Guedes acabou caindo na provocação da oposição e iniciou um bate-boca tenso na CCJ.

Ao defender o sistema de capitalização, Guedes disse aos deputados: “Se quiserem, embarquem seus filhos no avião em que vocês estão e vão acabar como Rio de Janeiro, Minas Gerais”.

A fala do ministro foi recebida com aplausos dos parlamentares governistas, enquanto representantes da oposição gritavam “Chile”, em alusão aos problemas previdenciários pelos quais passam o país, citado como exemplo de sucesso por Paulo Guedes. “O Chile tem quase o dobro da renda per capita do que o Brasil, acho que a Venezuela está melhor”, ironizou.

O ministro então começou um bate-boca com deputados oposicionistas, principalmente com Henrique Fontana (PT-RS), a quem Guedes respondeu: “Deputado, fale mais alto do que eu”.

Com a confusão generalizada – que incluiu deputados homens mandando colegas mulheres “calarem a boca” e outras mulheres saindo em defesa das deputadas atingidas -, Guedes acalmou os ânimos e terminou pedindo desculpas. “Me aconselharam a não reagir, mas tentei ser atencioso.

Sou muito respeitoso.

Cometi o erro de interagir.

Assim que eu interagi, vocês transformaram em outra coisa”, afirmou. “Meu papel é relativamente simples, quem vai julgar são os senhores.

Com a maior franqueza, não cabe a mim entrar no debate político.

Tenho que dar explicações e não preciso me exaltar, me desculpe”.