Estadão Conteúdo - O ministro da Economia, Paulo Guedes, enfrenta uma artilharia da oposição no início da audiência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) sobre a proposta de reforma da Previdência encaminhada pelo governo Bolsonaro.

Os deputados da oposição não dão trégua ao ministro na fase de sequência de perguntas.

O deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) disse que Guedes é mais perverso do que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso quando fez mudanças no sistema de Previdência.

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Lopes afirmou que o ministro “faltou com a verdade” ao afirmar que o governo gasta R$ 700 bilhões com a Previdência Social.

Para o deputado, parte desses recursos foi para pagamento da seguridade social.

Aos gritos e batendo na mesa, Lopes disse que Guedes mentira: “É seguridade social”.

O presidente da CCJ, Felipe Francischini (PSL-PR), teve que conter mais um início de bate-boca e pediu respeito ao ministro.

O deputado do PT acusou a mídia de tratar o ministro da Economia como último “gatorade do deserto” e afirmou que esperava uma apresentação mais técnica de Guedes.

Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados O deputado Silvio Costa Filho (PRB-PE) interrompeu a audiência dizendo que os parlamentares não davam um bom exemplo ao atacar Paulo Guedes de forma desrespeitosa.

Foi vaiado e aplaudido.

O deputado Alencar Santana Braga (PT-SP) disse que o governo “vive com base na mentira” e questionou a intenção de Guedes de propor o sistema de capitalização. “Se o sistema atual que tem três financiando (trabalhador, empregador e governo) está falido, como vai ficar a capitalização em que só o trabalhador contribui?”, indagou.

Ele anda provocou o ministro sobre a proposta dos militares, que foi apresentada separadamente. “Por que os militares não vão para a capitalização se ela é tão boa?”, questionou.

Bate-boca Paulo Guedes acabou caindo na provocação da oposição e iniciou um bate-boca tenso na CCJ.

Ao defender o sistema de capitalização, Guedes disse aos deputados: “Se quiserem, embarquem seus filhos no avião em que vocês estão e vão acabar como Rio de Janeiro, Minas Gerais”.

A fala do ministro foi recebida com aplausos dos parlamentares governistas, enquanto representantes da oposição gritavam “Chile”, em alusão aos problemas previdenciários pelos quais passam o país, citado como exemplo de sucesso por Paulo Guedes. “O Chile tem quase o dobro da renda per capita do que o Brasil, acho que a Venezuela está melhor”, ironizou.

O ministro então começou um bate-boca com deputados oposicionistas, principalmente com Henrique Fontana (PT-RS), a quem Guedes respondeu: “Deputado, fale mais alto do que eu”.

Com a confusão generalizada - que incluiu deputados homens mandando colegas mulheres “calarem a boca” e outras mulheres saindo em defesa das deputadas atingidas -, Guedes acalmou os ânimos e terminou pedindo desculpas. “Me aconselharam a não reagir, mas tentei ser atencioso.

Sou muito respeitoso.

Cometi o erro de interagir.

Assim que eu interagi, vocês transformaram em outra coisa”, afirmou. “Meu papel é relativamente simples, quem vai julgar são os senhores.

Com a maior franqueza, não cabe a mim entrar no debate político.

Tenho que dar explicações e não preciso me exaltar, me desculpe”.