A Prefeitura do Recife afirmou, em nota, nesta terça-feira (26), que vai recorrer da decisão do juiz Augusto Napoleão Sampaio Angelim, da 5ª Vara da Fazenda Pública da Capital, que determinou a suspensão imediata da demolição dos galpões no Cais José Estelita.

O magistrado ainda determinou que a gestão municipal suspenda a licença para a execução da primeira etapa do projeto Novo Recife e que o consórcio responsável pela obra não promova a venda dos apartamentos do empreendimento.

Na nota, a prefeitura afirmou que até as 17h desta terça-feira (16) não havia sido notificada da decisão liminar. “Mas já adianta que irá cumprir a decisão assim que for comunicada oficialmente”, disse.

LEIA TAMBÉM » MPF pede urgência em julgamento de recursos para impedir obras no Estelita » Justiça suspende demolição dos galpões do Cais José Estelita » Veja o que prevê o projeto Novo Recife, no Cais José Estelita » Túlio Gadelha e Ivan Moraes questionam demolição no Cais José Estelita » Obras do projeto Novo Recife começam com demolição de galpão no Cais José Estelita “A Lei 18.138/2015, que elaborou um Plano Específico para Cais de Santa Rita, Cais José Estelita e Cabanga, foi construída com ampla participação popular, tendo sido realizadas quatro audiências públicas, com um total de 283 contribuições da sociedade (sendo 80% aproveitadas no plano), além da tramitação nos espaços institucionais de participação social como o Conselho da Cidade e dos debates na Câmara Municipal do Recife”, defende a gestão no texto.

Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem - Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem - Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem - Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem - Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem - Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem - Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem - Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem - Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem - Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem - Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem - Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem Ainda na nota, a Prefeitura do Recife enumera melhorias previstas para o Cais José Estelita no projeto Novo Recife, citando: abertura de 65% da área para uso público; implantação de um parque linear onde hoje existem as pistas para carro e outro parque na área da antiga ferrovia; eliminação de grades e muros; ciclovia; embutimento de fiação; redução em dois terços de altura das edificações mais próximas da área histórica; oferta de comércio e serviços no térreo dos prédios; implantação de cobertura vegetal no topo dos prédios, ou seja, telhado verde, e reutilização das águas das chuvas por meio de reservatórios de acúmulo; eliminação do viaduto das Cinco Pontas; calçadas com aproximadamente cinco metros de largura; construção de 200 habitações de interesse social; conexão da Avenida Dantas Barreto com o Cais José Estelita.

A prefeitura cita que, para isso, o consórcio fará um investimento de R$ 80 milhões.

Pedido do Ministério Público O magistrado atendeu a um pedido da 20º e a 35° Promotoria de Justiça de Defesa da Cidadania da Capital, do Ministério Público de Pernambuco (MPPE).

A promotora Lisandra Carvalho foi ao Cais José Estelita nesta terça-feira (26) para levar a decisão da Justiça e conversou com os engenheiros responsáveis pela obra.

Representantes do movimento Ocupe Estelita afirmaram que vão fiscalizar o cumprimento da suspensão da demolição.

Primeira etapa das obras A derrubada de armazéns no Cais José Estelita começou nessa segunda-feira (25), como a primeira etapa das obras do projeto Novo Recife, e tinha a previsão de durar uma semana.

Inicialmente será feita a requalificação urbana para abrir o sistema viário no local.

Segundo o engenheiro do consórcio Eduardo Moura, a previsão é que essa etapa dure quatro anos e meio.

Moura ressaltou que a segunda fase pode ser iniciada no curso da primeira assim como os outros estágios do projeto.

Foto: Luís Carlos Oliveira/TV Jornal - Foto: Luís Carlos Oliveira/TV Jornal Foto: Luís Carlos Oliveira/TV Jornal - Foto: Luís Carlos Oliveira/TV Jornal Foto: Luís Carlos Oliveira/TV Jornal - Foto: Luís Carlos Oliveira/TV Jornal Foto: Luís Carlos Oliveira/TV Jornal - Foto: Luís Carlos Oliveira/TV Jornal Foto: Luís Carlos Oliveira/TV Jornal - Foto: Luís Carlos Oliveira/TV Jornal Foto: Luís Carlos Oliveira/TV Jornal - Foto: Luís Carlos Oliveira/TV Jornal Foto: Luís Carlos Oliveira/TV Jornal - Foto: Luís Carlos Oliveira/TV Jornal Foto: Luís Carlos Oliveira/TV Jornal - Foto: Luís Carlos Oliveira/TV Jornal Foto: Luís Carlos Oliveira/TV Jornal - Foto: Luís Carlos Oliveira/TV Jornal Esta foi a segunda tentativa.

A primeira demolição dos armazéns para erguer os prédios começou há quase cinco anos, na noite de 22 de maio de 2014.

Ativistas acamparam no local para impedir a ação, que foi suspensa devido à mobilização.

A ocupação terminou pouco menos de um mês depois, uma ação de reintegração de posse em que a Polícia Militar foi acusada pelos manifestantes por uso de violência.

Novos protestos foram realizados, inclusive em frente ao prédio onde mora o prefeito Geraldo Julio (PSB), na Zona Oeste da cidade, e à prefeitura, no Centro.

Mais manifestações aconteceram desde essaa segunda-feira.

Ativistas chegaram ao Cais José Estelita pela manhã, protestando contra a demolição.

A área foi cercada por tapumes.

Estiveram no local o vereador do Recife Ivan Moraes Filho (PSOL), o deputado federal Túlio Gadelha (PDT) e Kátia Cunha (PSOL), integrante do mandato coletivo Juntas, na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe).

Os parlamentares afirmaram que não tiveram acesso ao alvará de demolição que permitiu a obra pelo consórcio Novo Recife.

Além disso, questionaram a ausência de placa.

Imbróglio judicial O consórcio responsável pela construção é formado por quatro empresas: Ara Empreendimentos, GL Empreendimentos, Moura Dubeux Engenharia e Queiroz Galvão.

O grupo comprou por R$ 55 milhões a área dos antigos armazéns, que pertencia ao espólio da Rede Ferroviária Federal, em leilão realizado em 2008.

Depois que a Operação Lance Final, deflagrada pela Polícia Federal em outubro de 2015, apontou fraude na compra do terreno, a Justiça Federal anulou o processo.

O Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5) suspendeu essa decisão um mês depois.

Em junho de 2016, entretanto, o juiz federal titular da 1ª Vara, Roberto Wanderley, reafirmou a sentença, retomando a anulação do leilão, decisão revogada pelo TRF5 em novembro do mesmo ano.

Projeto Novo Recife A proposta inicial era de construir 12 torres, entre residenciais e empresariais, de até 40 andares.

Porém, após protestos, tomou uma nova configuração, aprovada pelo Conselho de Desenvolvimento Urbano (CDU) no fim de 2015 e questionada na Justiça pelo Ministério Público Federal (MPF).

Mas o que prevê o plano atual?

Serão 13 prédios, que variam de 12 a 38 andares, também com unidades diversas.

De acordo com as empreiteiras, do total, haverá dez edifícios residenciais, um hotel com com 308 leitos, um empresarial e um misto, com flat e empresarial.

Serão 1.042 unidades habitacionais: 364 com mais de 200 metros quadrados; 354 entre 100 e 200 metros quadrados; e 324 entre 34 e 100 metros quadrados.

O Consórcio Novo Recife defende que os prédios com menor escalonamento ficarão na área próxima ao Forte das Cinco Pontas, trecho de construções históricas no bairro de São José.

Veja a previsão da paisagem urbana da área após a construção das torres: O terreno tem 101,7 mil metros quadrados, com 1,3 quilômetro de extensão.

Segundo o Consórcio Novo Recife, do espaço total, 35% terão ocupação privada e 65% pública, com parque, praças, vias, ciclovias e calçadas.

Foi exigida a construção de um binário para reduzir os impactos à mobilidade.

Os investimentos previstos são de R$ 1,5 bilhão.

Defesa Em nota, o consórcio Novo Recife, responsável pelas obras, afirmou: “O CONSÓRCIO NOVO RECIFE, em respeito à opinião pública, tendo em vista a decisão liminar de suspensão da demolição das ruínas dos armazéns próximos ao Cabanga, no terreno do Cais José Estelita, sente-se no dever de esclarecer o seguinte: Após amplo debate com setores da sociedade civil, que culminou com a edição da Lei Municipal nº. 18.138/2015, responsável por introduzir o Plano Específico para as regiões do Cabanga, Cais José Estelita e Santa Rita, o projeto Novo Recife foi redesenhado e sua versão definitiva aprovada pela Prefeitura e órgãos a ela vinculados.

Dessa forma, mediante alvará de demolição regularmente concedido pela Prefeitura, o Consórcio iniciou na manhã de ontem (25.03) o processo de requalificação da área.

Hoje, o Consórcio Novo Recife foi surpreendido por decisão liminar que questiona a legalidade da lei 18.138/2015, aprovada pela Câmara Municipal do Recife.

O Consórcio Novo Recife reafirma a inteira confiança nas autoridades e no Estado de Direito para a retomada das obras.”