Por Felipe Cury, ativista social, gestor público e dirigente do PT de Pernambuco Holiday em inglês significa férias, mas o sossego e descanso do que poderia ser um “edifício de férias” faz muito tempo que não existe.
O Holiday, com seus 17 andares, 476 apartamentos e cerca de 3000 mil pessoas que circulam diariamente no local, já foi símbolo da expansão imobiliária.
Hoje é um dos casos simbólicos da problemática urbana no Recife, e com características semelhantes, espalhados pelo País. É óbvio que se há mesmo a possibilidade de ocorrer eventos não esperados que coloquem em risco os moradores daquele histórico edifício, as pessoas precisam nem que seja, temporariamente, desocupar suas residências.
O fato é que o debate sobre o Holiday não pode ser encarado apenas como um problema da sua estrutura física.
O principal são as pessoas que ali residem.
Como também não é um problema pontual, e os outros “Holidays”?
Ali está exposto mais um fenômeno do contraditório e desigual acesso ao direito constitucional de ter um lar, que possa, minimamente, dar guarida à vida das pessoas.
Se aquele edifício chegou nas condições que chegou não foi por decisão espontânea?
Quantos outros casos como esse devem existir no nosso entorno e que ainda não conseguiriam reverberar?
O que se vê hoje, e que na audiência pública realizada na Alepe ficou bastante claro, é que nem ao menos o governo municipal tem clareza do que deve ser feito.
Neste caso específico, por se tratar de um empreendimento privado, até se entende a dificuldade legal do poder público municipal em agir no sentido de assumir responsabilidades.
Porém, estamos falando de vidas e de um prédio histórico na cidade, de uma arquitetura modernista que deve ser preservada.
Até quando a questão da moradia será encarada de forma menos importante sem que sejam consideradas os elementos estruturais?
As notícias que chegam na boca miúda, colocadas como preocupações em vários momentos pelos próprios moradores, é que também existem interesses de várias construtoras.
Por que será? É preciso atenção para que nossa cidade não passe a viver com experiências gentrificadoras, muito menos que tais experiências não tenham a devida atenção daqueles que deveriam gastar energia para produzir e executar, de fato, uma política habitacional, que dialogue com as mais diversas nuances que existem nos diversos territórios da nossa cidade.
O diálogo ainda é o melhor caminho e nesse quesito ainda tem muito caminho que precisa ser percorrido.
Neste sentido, nós colocando a disposição para ajudar.
Fizemos uma sugestão, na audiência pública realizada na Assembleia, de se tentar uma saída junto ao Ministério Público para se firmar um Termo de Ajustamento de Conduta com todos órgãos envolvidos: condôminos, prefeitura, Celpe, Estado, bombeiros, Poder Judiciário e outros.
Para que juntos possam tentar um encaminhamento específico para este caso.
A iniciativa visa encontrar uma solução efetiva, onde cada órgão e instituição firmariam compromissos com prazos e objetivos concreto na resolutividade deste problema.
Temos que ter olhos abertos para ver as responsabilidades que cabem aos moradores e ao condomínio do edifício e braços abertos para aqueles e aquelas que estão prestes a abandonarem de vez os seus lares e tantas histórias que ali foram construídas. É hora de juntar esforços e encontrar uma solução dialogada para esse impasse.
Não há mais espaço nessa cidade para que as questões relacionadas à política urbana sejam, mais uma vez, empurradas de cima para baixo.