O ex-deputado Silvio Costa (Avante-PE), que cumpriu três mandatos consecutivos na Câmara dos Deputados – entre os anos de 2007 e 2019 - defendeu ao blog do Matheus Leitão, no G1, a importância da reforma da Previdência e criticou a oposição brasileira, incluindo o PT, afirmando que ela está precisando de responsabilidade pública.
Para o ex-deputado, o PT “está esquecendo que política é coisa séria” e tem participado do que ele definiu como “parque de diversão” criado pelas redes sociais.
Silvio Costa foi vice-líder do governo Dilma Rousseff e lembra que, durante os governos dos presidentes petistas, o PT fez diversas mudanças na aposentadoria dos brasileiros, sendo responsável por reformas pontuais na Previdência do país.
Por isso, o ex-deputado acha que o partido está sendo “irresponsável” ao se colocar contra a proposta do governo de Jair Bolsonaro.
Silvio foi um dos mais ferrenhos defensores de Dilma durante o processo de impeachment no Congresso Nacional, em 2016, como deputado.
Nas eleições de 2018, não conseguiu mandato para o Senado por Pernambuco.
O PT negou apoio a ele e ficou com Paulo Câmara Leia os principais trechos abaixo: Como o senhor avalia a postura da oposição neste momento, no início do governo de Jair Bolsonaro?
Silvio Costa - A oposição brasileira está precisando de um choque de responsabilidade pública.
Está precisando voltar a dialogar com o país.
Parte da oposição brasileira, inclusive lamentavelmente o PT, está brincando de fazer oposição.
O PT está esquecendo que política é coisa séria.
Política é ciência, é uma atividade que requer muito comprometimento, então quando eu vejo algumas pessoas relevantes do PT brincando com essa história de José de Abreu presidente, acho isso pueril, acho que isso é apequenar a política e acho que eles estão usando as redes sociais como parque de diversão.
Na verdade, as redes sociais viraram parque de diversão da piada fácil, da piada fútil.
O senhor acha que a oposição está sendo irresponsável na questão da reforma da Previdência?
Silvio Costa - Quem mais fez reforma da previdência no Brasil foi o PT.
Por exemplo, o ex-presidente Lula aprovou a Emenda 41, o Lula foi o primeiro que taxou os inativos.
E foi também o Lula que dificultou a aposentadoria integral.
Então, essas duas posições que, a meu ver, foram importantes para o sistema previdenciário, acabaram aprovadas pelo governo do presidente Lula.
O governo Dilma aprovou a regra 85/95, ou seja, as mulheres, somando o tempo de contribuição com a idade, tem que dar 85 anos, e os homens, somando o tempo de contribuição com a idade, dar 95.
E eu vejo agora o PT, de forma irresponsável, contra a reforma da Previdência.
E pior: não apresenta uma proposta.
Eu acho que esse tipo de oposição desqualifica o debate no país.
A oposição está sendo refém sobretudo do parque de diversão, refém das redes sociais.
Falta conteúdo no debate da oposição.
E em relação aos governadores, como o senhor acha que eles estão se comportando?
Silvio Costa - Os governadores do Nordeste fizeram um documento basicamente dizendo que não apoiam a reforma da Previdência, quando todos os Estados do nordeste, sem exceção, têm problema na Previdência.
Os governadores sabem que a Previdência não é um problema só do Brasil.
A Previdência é um problema do mundo.
Então, como os governadores do Nordeste sabem que a Previdência de seus Estados está quebrada e assinam um documento contra a reforma da Previdência?
Dizendo que são contra reformas pontuais?
Tudo bem, então qual é a proposta dos governadores do Nordeste que são do campo da oposição?
Os governadores do Sul e Sudeste se reuniram e declararam apoio ao projeto.
Eu acho que, nesse momento, é preciso desarmar os palanques.
Isso serve para o governo Bolsonaro e para a oposição.
Não dá para continuar com o palanque ligado num momento em que o Brasil realmente está precisando dessa reforma.
O senhor votou contra a reforma da Previdência durante o governo Temer e agora está criticando o PT.
O que mudou?
Silvio Costa - Eu votei contra a proposta de reforma de Michel Temer porque, ao meu ver, o ex-presidente não tinha legitimidade.
Na hora que o presidente Temer assumiu, na minha opinião era um governo ilegítimo.
Então, eu não poderia votar proposta de governos ilegítimos.
O fato é que a oposição brasileira – e se o PT quiser continuar sendo o capitão da oposição – vai ter que se reciclar.
O senhor se arrepende de ter sido um dos deputados mais veementes na defesa da Dilma durante o impeachment?
Enfim, o senhor perdeu a eleição para o Senado.
Silvio Costa - Eu não me arrependo.
Eu faria tudo de novo.
Agora veja: por que eu não me arrependo?
Porque eu tenho certeza de que eu estou do lado certo da história.
Eu não me arrependo de absolutamente nada.
O que me deixa um pouco estarrecido é a forma como esse partido que eu defendi tanto quando ele estava no poder se propõe fazer oposição.
Uma oposição que não tem nenhuma sincronia com o que o país está querendo.
Não só o PT, mas também o PDT se posicionou contra a reforma da Previdência?
Silvio Costa - O que me impressiona também é que o Ciro Gomes sabe que a reforma da Previdência é inexorável.