O ex-prefeito de Petrolina Júlio Lossio também comentou, em tom crítico, o leilão do aeroporto do Recife, em meio ao processo de concessão de 12 aeroportos, no leilão de sexta-feira.
Antes dele, o senador FBC, líder do governo Bolsonaro no Senado, e o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, haviam elogiado o processo de desestatização.
Por Júlio Lóssio, em artigo enviado ao blog Durante essa semana, observando o processo de privatização dos aeroportos, uma questão me chamou atenção.
Não quero aqui emitir juízo de valor, mas apenas compartilhar com os leitores essa reflexão.
Nos últimos anos, após milhares de erros, má gestão, ingerência política indevida e muita corrupção envolvendo as estatais brasileiras, criamos a ideia de que as estatais teriam que ser privatizadas.
Os maiores economistas do país, e até a população em geral, acreditam piamente que a iniciativa privada é mais eficiente e, em virtude disso, poderá ofertar um melhor serviço.
Esse é o conceito reinante no momento.
Em linhas gerais eu concordo.
Mas é preciso avaliar algumas questões.
No caso específico dos Aeroportos duas coisas me fizeram questionar tal crença.
O primeiro diz respeito ao ágio estabelecido durante os leilões de nossos aeroportos.
A grande diferença entre o valor inicial de avaliação e o preço de venda foi apresentado com euforia para transmitir um grande sucesso no processo.
Mas, vejamos: quando vamos vender algo e, sobretudo, algo de grande valor, devemos fazer uma boa avaliação para chegarmos ao melhor preço de venda possível.
Será que a avaliação feita dos nossos aeroportos foi errada, ou foi apenas uma estratégia de marketing político?
Nesse jogo econômico global não podemos ser inocentes, afinal, ninguém paga por nada um valor muito superior ao que ele realmente vale.
Outro fato que me chamou atenção foi a venda em conjunto de aeroportos com diferentes características no Nordeste.
O aeroporto de Recife, que é superavitário e uma referência para o Brasil, já tendo sido eleito o melhor do nordeste e o segundo melhor do Brasil, foi leiloado junto com outros aeroportos que são deficitários e precisam de uma forte injeção de recursos para poder funcionar melhor.
Será que não teríamos um resultado melhor se tivéssemos leiloado ele de forma isolada ou junto com outros aeroportos superavitários?
Afinal, a intenção é fazer com que a iniciativa privada invista recursos e melhore aquilo que não funciona ou que aproveite a renda de um setor superavitário e coloque em outros deficitários?
Aliás, cumpre também destacar que quem arrematou os aeroportos do Nordeste no leilão foi uma Estatal Espanhola.
Irônico perceber que quando o discurso de desestatização ganha força no Brasil, são as Estatais dos outros países que ganham força no nosso.
Será que só as estatais estrangeiras podem ser eficientes?
Devemos mesmo nos livrar de todas as estatais existentes no Brasil, como quer o novo Governo?