Apesar de reconhecer o esforço do novo governo em atingir um novo patamar na relação bilateral Brasil-EUA, os empresários brasileiros não esperam que a visita do presidente Jair Bolsonaro gere, no curto prazo, medidas concretas que reforcem o fluxo comercial entre os dois países.
O resultado aparece em uma pesquisa inédita realizada pela Câmara Americana de Comércio no Brasil (Amcham Brasil) com 252 presidentes e diretores de empresas de companhias atuam em diversos setores do País.
De acordo com a pesquisa, a intenção do presidente Bolsonaro de se aproximar dos Estados Unidos é vista como concreta para a maioria dos executivos, visto que 86% acreditam que o governo brasileiro está empenhado em uma real aproximação.
Dos que se mostraram otimistas, 49% acham que a visita de março ainda não trará efeitos concretos no fluxo comercial, mas 37% acreditam que o encontro resultará em ações práticas.
Outros 12% se mantiveram neutros e disseram que ainda é cedo para avaliar os efeitos. “A pesquisa mostra uma expectativa realista em torno de ações e entregas intermediárias que lançam as bases para entendimentos duradouros.
Precisamos de medidas à curto prazo para trazer um novo folego de diálogo a relação e aquecer negociações para conquistas amplas e ambiciosas.
A intenção de um acordo comercial pode até parecer em discurso dos dois presidentes, mas sabemos que ela é completamente dependente desse entusiasmo comercial e bilateral renovado à curto prazo”, diss Deborah Vieitas, CEO da AMCHAM BRASIL, a maior Câmara Americana de Comércio entre 114 existentes no Mundo.
A CEO da Amcham Brasil integra a delegação, em Washington, apresentando as expectativas do setor privado brasileiro e americano em torno do primeiro encontro entre os presidentes Trump e Bolsonaro.
Sobre a pauta de conversas bilaterais, 26% votaram em um Acordo de Livre Comércio como tema principal.
Outros 22% acharam que o fim da sobretaxa a produtos brasileiros no mercado americano é um assunto crucial, e 20% consideraram que um Acordo de Cooperação e Facilitação de Investimentos não pode deixar de estar na pauta.
Quando perguntados sobre quais seriam as semelhanças ideológicas e profissionais entre os presidentes Trump e Bolsonaro, 38% apontaram o jeito de governar, dando destaque ao uso de redes sociais como o Twitter e o confronto constante com jornais e veículos de mídia tradicionais.
Já 31% acham que há mais afinidades na parte econômica, com iniciativas semelhantes e que buscam o crescimento nacional a partir de uma visão mais liberal da economia.
E 23% responderam que há semelhanças nas posturas mais conservadoras de ambos, puxando para questões de moral e costumes em discussões políticas.
Oportunidades e desafios para o Brasil Os executivos também foram convidados a opinar sobre como as ações recentes dos dois governos influenciaram o ambiente de negócios.
Para 51%, a principal medida do governo Trump que ajudou na atuação de empresas brasileiras no exterior foi a sobretaxa a produtos chineses no mercado americano, o que levou a China a comprar mais do Brasil.
E 23% acharam que foi a desoneração fiscal americana, que reduziu o imposto de renda das empresas que lá atuam.
Outros 20% consideram ter sido a desregulamentação do mercado financeiro, estimulando assim o mercado de crédito e os investimentos empresariais.
Também perguntados sobre as áreas mais promissoras para investimentos brasileiros nos EUA, 21% mencionou os setores de commodities agrícolas (laranja, café, por exemplo) e minerais (petróleo e gás).
Mas há quem ache que as melhores oportunidades estão no setor de serviços (19%), bens de consumo (15%) e TI (9%). …
E para os EUA Por outro lado, os executivos também responderam sobre as áreas mais promissoras para investimentos americanos no Brasil.
Para 18%, a maior oportunidade está no setor de Infraestrutura, seguida de TI (13%), commodities agrícolas e minerais (11%) e aviação/ aeroespacial, com 10%.
Entretanto, para atrair mais investimentos americanos nos próximos quatro anos, os executivos também opinaram sobre reformas estruturais necessárias.
A mais votada foi a reforma tributária (28%), seguida pela reforma administrativa/desburocratização (19%) e reforma da previdência (18%).
Também foram votadas a reforma política (15%), necessidade de políticas firmes de abertura comercial (13%) e fortalecimento de estruturas de promoção comercial no exterior (8%).