Estadão Conteúdo - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu nesta sexta-feira (8) ao juiz federal Luiz Antonio Bonat, da Operação Lava Jato, acesso ao acordo bilionário firmado entre o Ministério Público Federal, a Petrobras e o Departamento de Justiça norte-americano para criação de um fundo anticorrupção.

A estatal depositou R$ 2.567.756.592,00 em conta vinculada à 13ª Vara Federal de Curitiba, em cumprimento ao acordo feito com os procuradores.

O requerimento de Lula foi anexado ao processo sobre supostas propinas da Odebrecht.

A Lava Jato afirma que as vantagens indevidas incluiriam um terreno para abrigar o Instituto Lula e um apartamento em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo.

A Petrobras é assistente de acusação do Ministério Público Federal nas ações penais da Lava Jato, inclusive neste processo.

A Justiça Federal do Paraná considera a estatal “vítima lesada” do esquema bilionário de corrupção e propinas instalado na instituição.

LEIA TAMBÉM » Lula volta para carceragem em Curitiba após cremação do neto em São Paulo » Justiça libera Lula para comparecer ao velório do neto » Lula diz à PF que não incitou ninguém a invadir triplex do Guarujá » Lava Jato aponta erro material em sentença contra Lula » Edson Fachin nega mais um pedido de liberdade de Lula A defesa do petista relatou a Bonat que, em 2017, contestou a habilitação da estatal como assistente de acusação.

Na avaliação dos advogados, a Petrobras “não poderia ser considerada vítima, pois, segundo a Procuradoria, diretores, gerentes e outros funcionários teriam concorrido para ocorrência dos supostos delitos praticados no âmbito da sociedade de economia mista, e que os sistemas de controle de companhia não teriam funcionado” Os advogados afirmam que um trecho do acordo afirma que, “segundo decisões judiciais proferidas pelo Judiciária brasileira, a Petróleo Brasileira S.A. - Petrobras (PETROBRAS) foi vítima e diretamente lesada por ilícitos praticados em seu desfavor”.

Em outra parte, o texto descreve que a estatal “respondia a procedimentos administrativos nos Estados Unidos da América e, por conta de singularidades e particularidades do respectivo ordenamento jurídico” e que celebrou um acordo com autoridades norte-americanas “em razão de certas condutas praticadas” por funcionários.

Os defensores de Lula afirmaram ao novo juiz da Lava Jato que há contradição no acordo.

Segundo a defesa, o acesso ao material é “relevante para que seja analisada a efetiva posição da Petrobras” na ação sobre as supostas propinas da Odebrecht e também “para a análise das condutas atribuídas” a Lula na denúncia que levou à abertura da ação.