Manoel Fernandes, de São Paulo, em artigo enviado ao blog O presidente Jair Bolsonaro mudou a dinâmica da Quarta-Feira de Cinzas.

A sensação de ressaca foi substituída por um sentimento de Déjà Vu com lembranças do clima de campanha de 2018.

Nas últimas horas, dois exércitos montaram barricadas digitais para atacar e defender o presidente.

Dessa vez, a batalha ocorre em torno do post de Bolsonaro no Twitter criticando dois homens em cenas explícitas no Carnaval.

Por enquanto, até às 11h, os apoiadores do presidente estavam em vantagem.

A hashtag #BolsonaroTemRazão foi utilizada em 106 mil posts contra 63 mil para *#ImpeachmentBolsonaro. * Parte dessa reação tem base no apoio de perfis ligados a evangélicos e católicos conservadores, impactados pelo desfile da Gaviões da Fiel, em São Paulo, no qual um integrante da escola personificando o Diabo derrota Jesus em um duelo sambródomo paulista.

No resultado final, a escola ficou em nono lugar, mas não arrefeceu a ira dos religiosos.

Bolsonaro pode ter aproveitado esse clima em relação ao Carnaval.

Em São Paulo, o prefeito Bruno Covas também foi muito criticado por parcelas significativas dos moradores, especialmente aqueles de locais de grande concentração de blocos, em função da desorganização do evento, cenas de violência, roubos, venda de bebidas para menores de idade e consumo de drogas com transmissão de vídeos e imagens em grupos no Facebook e perfis no Twitter.

Não foi uma festa tranquila na maior cidade do País.

Diferente de estados como Pernambuco e Bahia nos quais o Carnaval de rua tem mais longevidade.

Desde a sua posse, o presidente Bolsonaro utilizou a sua conta oficial no Twitter para fazer 514 publicações, entre conteúdos inéditos, conversas com terceiros ou mesmo RTs de outros perfis.

Nesse conjunto, em média, cada post conseguiu 29.252 curtidas e 4.801 RTs.

O tweet de ontem havia alcançado até às 11h de hoje 43.800 curtidas e 7.400 RTs.

O vídeo registra até agora 2,5 milhões de visualizações.

Grupos de apoio ao presidente no WhatsApp estão em intensa atividade trazendo notícias negativas sobre o Carnaval, como a confusão no bloco da cantora Ludmila no Rio de Janeiro ou a imagem de uma foliã em Belo Horizonte que simula uma facada em uma pessoa fantasiada do então candidato do PSL.

Os bolsonaristas também pedem punição por atentado ao pudor dos dois homens que aparecem no vídeo publicado por Bolsonaro.

Na Câmara dos Deputados, parlamentares da oposição, especialmente do PT, também estão atacando o presidente e sendo combatidos por governistas. “Ahhh, entendi!

Pode fazer isso ao vivo, mas não pode publicar no twitter, porque pode ter crianças assistindo.”, publicou o deputado Carlos Zambelli do PSL de São Paulo.

O post registrou 1,767 curtidas até agora." Na sequência, Paulo Pimenta (PT-RS) fosse que algo precisa ser feito para conter o presidente. “Ê bizarro. É gravíssimo.

Bolsonaro descontrolado reage as manifestações contra ele em todo Brasil e pública vídeo para detonar o carnaval.

Expõe o país no mundo, propaga o preconceito e quebra as regras do Twitter. É urgente analisarmos ainda hoje as medidas a serem adotadas.” Ele conseguiu 1.404 curtidas nesse tweet.

No Google Brasil, há um expressivo crescimento das buscas em torno do assunto.

O tema desperta mais interesse que o debate da reforma da previdência.

Na mídia clássica, entre os dez artigos mais compartilhados no Facebook nas últimas 12 horas, cinco tratam do vídeo no Twitter do presidente.