Em pronunciamento antes do Carnaval, a deputada Jô Cavalcanti, representante do mandato coletivo Juntas (PSOL), fez referência ao Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março.
Ela convidou as pernambucanas para irem às ruas na data. “Em ato público pelo fim da violência de gênero, contra a Reforma da Previdência e em memória da vereadora do Rio de Janeiro pelo PSOL, Marielle Franco, assassinada no ano passado”.
Um dos alvos seria o capitalismo. “Em defesa da vida das mulheres, vamos fazer o nosso protesto por um Brasil livre do machismo, do racismo e do capitalismo”, anunciou. “Também estamos contra a Reforma da Previdência, porque nós mulheres somos a maioria no setor informal, temos os menores salários, somos demitidas com mais frequência, então seremos as mais impactadas com as mudanças propostas pelo Governo Federal”, disse, citando pleitos como a ampliação do funcionamento das Delegacias da Mulher, a legalização do aborto e a concretização do Plano Estadual de Habitação.
Pois bem.
No mês de fevereiro de 2019, o Laboratório de dados sobre violência armada Fogo Cruzado mapeou 117 tiroteios/disparos de arma de fogo na região metropolitana do Recife.
De acordo com alguns destaques das estatísticas de fevereiro, houve ao menos 85 vítimas fatais atingidas por arma de fogo na Região Metropolitana do Recife.
Das vítimas, 98% eram homens e 2% eram mulheres.
Ao menos 36 pessoas foram baleadas na Região Metropolitana do Recife.
Das vítimas, 89% eram homens e 11% eram mulheres.
Protagonismo financeiro feminino impulsiona surgimento de fintechs de impacto social Por Guilherme de Almeida Prado A noção de que o mundo das finanças desperta exclusivamente o interesse dos homens não poderia estar mais distante da realidade brasileira.
Uma pesquisa da Konkero, maior portal comparador de produtos financeiros e finanças pessoais do país, revelou que as mulheres são maioria entre os internautas que buscam informações sobre finanças para a casa.
De acordo com o levantamento, elas representam mais de 58% do total de quase 15 milhões de usuários do portal, que representam 13% dos internautas do país.
A comparação entre os acessos femininos no portal – consolidado de 2018 em relação a 2017 – mostra um crescimento de 3,4%; em contrapartida, os homens tiveram uma queda de 4,4% nos acessos.
Comparando o mês de janeiro de 2019 com 2018, o crescimento da presença feminina na busca por informações é ainda maior: 5,4%, o que indica uma tendência de mais crescimento da presença feminina em 2019 Ao longo do ano passado, o portal recebeu 8,45 milhões de acessos femininos e, no primeiro mês de 2019, foram registradas 932 mil usuárias.
Exatamente!
Quase um milhão de brasileiras, pesquisando sobre negociação de dívidas; redução de gastos; ganhar dinheiro; e reorganização de gastos.
Como coordenador desse levantamento, posso afirmar que os dados não me surpreenderam.
Há décadas, as mulheres estão tomando a frente das finanças para dar melhores condições de vida para as próprias famílias.
Elas são ainda mais representativas quando o assunto versa sobre finanças pessoais; são, de fato, as grandes influenciadoras e líderes das decisões financeiras familiares.
Mesmo com uma agenda corrida – a maioria das vezes, de dupla jornada –, a mulher arruma tempo para pesquisar sobre finanças; elas estão usando o celular no transporte público, por exemplo, para conseguir resolver os problemas financeiros da família; o tablet concentra 62% dos acessos femininos e o desktop 51%.
Mesmo com esse cenário de protagonismo crescente, o setor bancário não acolhe a diversidade de gênero.
Dirigido essencialmente por homens, produz campanhas e produtos pensados para um público masculino.
Essa visão precisa mudar e rápido.
De acordo com relatório do Fundo Monetário Internacional, as mulheres são sub-representadas em todos os níveis do sistema financeiro mundial – de depositantes e mutuários à membros de conselhos de administração de bancos e órgãos reguladores.
Ou seja, essa falta de representatividade gera um total descompasso entre os produtos financeiros oferecidos e o que realmente as mulheres precisam.
O relatório do FMI aponta que se houvesse a redução da disparidade de gênero fomentaríamos a estabilidade do sistema bancário e estimularíamos o crescimento econômico.
Para se ter uma ideia, dados de 2018 mostram que as mulheres representam, em média, apenas 40% dos depositantes e mutuários dos bancos – no Brasil, o número era de 51%.
As análises têm tornado evidente que o maior acesso e uso dos serviços financeiros pelas mulheres gera benefícios sociais e econômicos para os países.
No Quênia – aponta o relatório do FMI – as mulheres que abriram uma conta bancária simples investiram mais nos próprios negócios; no Nepal, as famílias chefiadas por mulheres gastaram mais em educação após abrir uma conta poupança.
Na prática, sistemas financeiros mais inclusivos podem ampliar a eficácia de políticas fiscais e monetárias, elevando o crescimento econômico das nações.
Na essência, investir na inclusão financeira feminina impacta em toda a sociedade.
Na minha análise, as fintechsde impacto social – em especial, as focadas na concessão de crédito pessoal – têm grande potencial para atender adequadamente o público feminino.
Análise conduzida pela Artemisia aponta que essas startups de serviços financeiros voltados para a população de menor renda se encontram no momento ideal para resolver os gargalos do sistema financeiro tradicional por uma confluência de dois fatores: são empresas que estão no centro do debate sobre a evolução da relação entre população e finanças; e a evolução tecnológica propicia soluções digitais para temas simples e complexos como os blockchains.
Ao mesmo tempo que considero o potencial, defendo a responsabilidade em conceder crédito.
As mulheres estão mais informadas, mas ainda é preciso ampliar ainda mais a transparência nas concessões de crédito.
Mais informações para que elas tomem melhores decisões financeiras.
Isso impacta as famílias e a economia do país.
Guilherme de Almeida Prado é especialista em finanças pessoais é graduado e mestre em Administração de empresas pela EAESP-FGV.