A secretária administrativa do PSL em Pernambuco, Maria de Lourdes Paixão, foi ouvida nesta quarta-feira (20), no Recife, pela Polícia Federal.
Após sua campanha ter recebido R$ 400 mil do partido, embora tenha conseguido apenas 274 votos, ficou no alvo de uma crise que levou à demissão do ex-ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gustavo Bebianno. “O procedimento agora segue para a Justiça Eleitoral”, afirmou a PF após o depoimento.
De acordo com a Polícia Federal, a Justiça Eleitoral “vai analisar os fatos e decidir se vai requerer abertura de inquérito policial para investigar os fatos”.
Segundo Ademar Rigueira, advogado de Lourdes Paixão, a saúde da mãe da candidata afetou diretamente a sua campanha. “Ela teve um grande problema que foi o estado de saúde da mãe dela, que se internou, e perto da campanha ficou em home care na casa dela.
E logo depois da campanha, a mãe faleceu.
E isso desestimulou”, explicou.
O dinheiro foi enviado, segundo a Folha, no dia 3 de outubro, quatro dias antes da eleição.
Desse total, Lourdes Paixão gastou 95% em uma gráfica para a impressão de 9 milhões de santinhos e cerca de 1,7 milhão de adesivos.
As características do repasse levantaram a suspeita de que ela fosse uma candidata “laranja”.
Crise no governo O caso foi citado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) em um áudio enviado a Bebianno, demitido na última segunda-feira (18).
O ex-ministro era presidente nacional do PSL no período da campanha eleitoral, no lugar do deputado federal pernambucano Luciano Bivar.
Publicamente, um responsabilizou o outro pela decisão sobre os recursos. “Querer empurrar essa batata quente desse dinheiro lá pra candidata em Pernambuco pro meu colo, aí não vai dar certo.
Aí é desonestidade e falta de caráter”, afirmou Bolsonaro em áudio de WhatsApp a Bebianno. “Agora, todas as notas pregadas nesse sentido foram nesse sentido exatamente, então a Polícia Federal vai entrar no circuito, já entrou no circuito, pra apurar a verdade.
Tudo bem, vamos ver daí… Quem deve paga, tá certo?
Eu sei que você é dessa linha minha aí.
Um abraço”.
Bebianno diz ao presidente que “a coisa não está clara”. “A minha tarefa como presidente interino nacional foi cuidar da sua campanha.
A prestação de contas que me competia foi aprovada com louvor, é… Agora, cada Estado fez a sua chapa.
Em nenhum partido, capitão, a nacional é responsável pelas chapas estaduais.
O senhor sabe disso melhor do que eu.
E, no nosso caso, quando eu assumi o PSL, houve uma grande dificuldade na escolha dos presidentes de cada Estado, porque nós não sabíamos quem era quem. É… Cada chapa foi montada pela sua estadual”, explica ao presidente, a quem chama de “capitão”. “No caso de Pernambuco, pelo Bivar, logicamente.
Se o Bivar escolheu candidata laranja, é um problema dele, político.
E é um problema legal dela explicar o que ela fez com o dinheiro.
Da minha parte, eu só repassei o dinheiro que me foi solicitado por escrito.
Eu tenho tudo registrado por escrito.
Então é ótimo que a Polícia Federal esteja, é ótimo que investigue, é ótimo que apure, é ótimo que puna os responsáveis”, diz ainda.
Bebianno nega responsabilidade no caso e diz que Bolsonaro está “envenenado”. “Eu não tenho nada a ver com isso. É… Depois a gente conversa pessoalmente, capitão, tá?
Eu tô vendo que o senhor está bem envenenado.
Mas tudo bem, a minha consciência está tranquila, o meu papel foi limpo, continua sendo.
E tomara que a polícia chegue mesmo à constatação do que foi feito, mas eu não tenho nada a ver com isso.
O Luciano Bivar que é responsável lá pela chapa dele.
Abraço, capitão”, conclui no áudio.