O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), cobrou explicações do presidente Jair Bolsonaro (PSL) sobre o escândalo das candidaturas laranjas e “a mentira de que não havia tratado sobre o esquema” com o então secretário-geral da Presidência da República, Gustavo Bebianno.

Em um novo capítulo sobre a saída do ex-ministro, áudios vazados comprovaram que Bolsonaro mentiu ao dizer que não havia falado com Bebiano logo após as denúncias de corrupção envolvendo o fundo eleitoral na campanha do ano passado virem à tona.

As gravações mostram que Bolsonaro e Bebiano debateram, via WhatsApp, as acusações sobre uso irregular de verba pública de R$ 400 mil em Pernambuco.

A Veja publicou os audios, vazados por Bebiano. “Bolsonaro vai ter de explicar por que, como presidente, tentou esconder que havia tratado do escândalo com o ministro que trabalhava ao lado dele no Palácio do Planalto.

Ele negou a conversa, chamou o ministro publicamente de mentiroso, demitiu-o e, agora, o Brasil descobre, mais uma vez, que o mentiroso é o próprio Bolsonaro. É um caso de alta gravidade, que precisa ser esclarecido e explicado ao povo brasileiro", afirmou Humberto. “A crise no governo Bolsonaro atingiu a base no Congresso Nacional, ameaça a pauta do Executivo e deve lançar o Brasil numa paralisia ainda maior.

São 50 dias em que nada anda, tudo está parado.

Tudo o que esse governo consegue produzir são apenas escândalos.” O senador questionou a forma com que o presidente vem tratando o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, deputado federal eleito por Minas Gerais e um dos pivôs do esquema de laranjas do PSL.

Na época, Marcelo presidia o partido no estado e é acusado por ex-candidatos de obrigá-los a repassar dinheiro recebido do fundo eleitoral à própria candidatura. “O ministro, no entanto, segue no cargo com a total conivência de Bolsonaro.

Mas nós temos certeza de que, com o aprofundamento das investigações, ele será o próximo a cair”, disse Humberto Costa.

No programa Pingo nos Is, da Jovem Pan, Bebiano reclamou que Bolsonaro tratou ele de forma diferente do que o ministro de Minas, mas culpou a Folha de São Paulo por, maldosamente, segundo suas palavras, tentar atingir o presidente, já que não cometeu crime ao repassar recursos, a pedido dos estados.

No plano local, o PT também bateu A deputada Teresa Leitão fez duras críticas ao Governo de Jair Bolsonaro em pronunciamento analisando a seu modo de ver os 50 dias de sua gestão.

Para ela, as declarações de ministros do Governo são “estapafúrdias, sem consistência política” e escondem, como uma cortina de fumaça, as verdadeiras intenções do governo.

A parlamentar avaliou como uma das ações mais grave de todas, o monitoramento de bispos católicos pela Abin (Agência Brasileira de Inteligência), admitido pelo ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Augusto Heleno.

Em entrevista ao Jornal Estadão em 10 de fevereiro, Heleno admitiu que a Abin monitorou as temáticas que serão discutidas no Sínodo da Amazônia, reunião que ocorrerá em outubro em Roma e que será uma forma de discutir a proteção da fauna, da flora e das população que convivem com a Floresta Amazônica.

A parlamentar afirmou que estão investigando “o chamado ‘clero progressista’ – ou seja, o setor da Igreja que, para eles, está se aproximando do povo pobre”, disse. “Ora, a base de Alcântara pode ser reaberta para os Estados Unidos, mas bispos brasileiros discutirem a Amazônia são uma ameaça?”, disse a petista. “O Governo tenta confrontar a Constituição coibindo liberdades sexual e de cátedra e, agora, tenta controlar a liberdade de credo.

Vão perseguir outro Padre Henrique, outro Frei Tito, outro Dom Helder?”, indagou, citando exemplos de religiosos católicos que foram alvo da ditadura militar.

A deputada elogiou a Campanha da Franternidade 2019, que trata deste ano de Franternidade e Políticas Públicas.

O lema da Campanha é um versículo de Isaias 1,27. “Serás libertado pelo direito e pela justiça”.

Teresa criticou as últimas declarações do ministro da Educação e as suspeitas que recaem sobre o uso de “candidaturas-laranja” nas Eleições 2018 pelo partido do presidente, o PSL. “O ministro da Educação acha que o ensino pode ser uma mercadoria, num país que tem uma legislação consolidada que trata a educação como direito subjetivo”, criticou.