Por Vera Magalhães, no Estadão Carlos Bolsonaro abriu a porta do inferno.
Ao divulgar no Twitter, com a anuência orgulhosa do pai, áudios de trocas de mensagens de Jair Bolsonaro com Gustavo Bebianno, o vereador do Rio criou uma jurisprudência que autorizou o ex-auxiliar, ou emissários seus, a fazerem o mesmo e exporem uma tão longa quanto constrangedora conversa entre os dois.
Nela se conclui que: 1) Bolsonaro estava pouquíssimo interessado em apurar o laranjal do PSL, desculpa para a fritura do ministro; fala da entrada da Polícia Federal no caso mais para ameaçar Bebianno; 2) da mesma forma, todos mentiram: Bolsonaro e o filho ao dizer que o presidente não falara com o auxiliar; Bebianno ao vender que não havia crise quando seu filme já estava bem queimado; 3) fica óbvio que o maior incômodo de Bolsonaro era a relação de Bebianno com a imprensa –ora a Globo, hora sites, hora jornais–, sinal de que o que pesou para ele fritar o ministro foi, mesmo, o envenenamento do filho que estava 24 horas ao lado do pai; 4) uma crise que poderia ser resolvida nos bastidores explodiu pela crença estapafúrdia da família Bolsonaro de que comunicação de governo se faz pelas redes sociais.
O preço de tanta inabilidade política ainda não está totalmente dado.