Citado pelo agora ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência Gustavo Bebianno, o deputado federal Luciano Bivar (PSL-PE) se disse “estupefato”.

A suspeita de que uma candidata que recebeu R$ 400 mil do PSL em Pernambuco tenha sido “laranja” foi o ponto de partida da crise que levou à demissão de Bebianno, que responsabilizou Bivar em áudio enviado ao presidente Jair Bolsonaro (PSL), publicado nesta terça-feira (19) pela Revista Veja.

Segundo a assessoria de imprensa, Bivar “só pode creditar isso ao desespero do ex-ministro”. “Quanto à saída do Planalto, (Bivar) diz que só Bebbiano sabe os verdadeiros motivos e só ele deve dizer”, afirmou ainda a assessoria do deputado.

O parlamentar não atendeu as ligações do Blog de Jamildo.

No áudio, enviado pelo WhatsApp, Bebianno diz ao presidente que “a coisa não está clara”. “A minha tarefa como presidente interino nacional foi cuidar da sua campanha.

A prestação de contas que me competia foi aprovada com louvor, é… Agora, cada Estado fez a sua chapa.

Em nenhum partido, capitão, a nacional é responsável pelas chapas estaduais.

O senhor sabe disso melhor do que eu.

E, no nosso caso, quando eu assumi o PSL, houve uma grande dificuldade na escolha dos presidentes de cada Estado, porque nós não sabíamos quem era quem. É… Cada chapa foi montada pela sua estadual”, explica ao presidente, a quem chama de “capitão”. “No caso de Pernambuco, pelo Bivar, logicamente.

Se o Bivar escolheu candidata laranja, é um problema dele, político.

E é um problema legal dela explicar o que ela fez com o dinheiro.

Da minha parte, eu só repassei o dinheiro que me foi solicitado por escrito.

Eu tenho tudo registrado por escrito.

Então é ótimo que a Polícia Federal esteja, é ótimo que investigue, é ótimo que apure, é ótimo que puna os responsáveis”, diz ainda.

Bebianno nega responsabilidade no caso e diz que Bolsonaro está “envenenado”. “Eu não tenho nada a ver com isso. É… Depois a gente conversa pessoalmente, capitão, tá?

Eu tô vendo que o senhor está bem envenenado.

Mas tudo bem, a minha consciência está tranquila, o meu papel foi limpo, continua sendo.

E tomara que a polícia chegue mesmo à constatação do que foi feito, mas eu não tenho nada a ver com isso.

O Luciano Bivar que é responsável lá pela chapa dele.

Abraço, capitão”, conclui no áudio.

Antes, Bolsonaro havia afirmado: “querer empurrar essa batata quente desse dinheiro lá pra candidata em Pernambuco pro meu colo, aí não vai dar certo.

Aí é desonestidade e falta de caráter”. “Agora, todas as notas pregadas nesse sentido foram nesse sentido exatamente, então a Polícia Federal vai entrar no circuito, já entrou no circuito, pra apurar a verdade.

Tudo bem, vamos ver daí… Quem deve paga, tá certo?

Eu sei que você é dessa linha minha aí.

Um abraço”, disse ainda Bolsonaro a Bebianno em um dos áudios vazados.

Demissão de Bebianno O porta-voz da Presidência, general Otávio Rego Barros, anunciou em pronunciamento nessa segunda-feira (18) que o Bolsonaro havia decidido demitir Bebianno.

A crise envolvendo os dois aumentou na última quarta-feira (13) e o seu prolongamento preocupava o governo.

Presidente do PSL no período eleitoral, por causa da licença de Luciano Bivar, Bebianno foi acusado de repassar recursos do partido para candidatas “laranja” em Minas Gerais e em Pernambuco.

O ex-ministro negou as acusações e disse ter conversado “três vezes” com Bolsonaro enquanto ele estava internado para se recuperar da cirurgia para retirar a bolsa de colostomia.

Após a entrevista em que Bebianno disse ter falado com o presidente, um dos filhos dele, Carlos Bolsonaro, vereador do Rio de Janeiro, o chamou de mentiroso no Twitter.

A publicação na rede social chegou a ser endossada por Bolsonaro.

Nos áudios, os dois falam sobre o assunto.

Ouça as gravações publicadas pela Veja: 1 2 3 4 4 5 6 7 8 9 10 11 O presidente havia sido advertido de que Bebianno poderia sair atirando, trazendo problemas de campanha para a mídia.

A um amigo, Bebianno chegou a afirmar: “preciso pedir desculpas ao Brasil por ter viabilizado a candidatura de Bolsonaro.

Nunca imaginei que ele seria um presidente tão fraco”.

Na noite dessa segunda-feira, Bolsonaro publicou nas redes sociais um vídeo elogiando Bebianno.

Investigação de suposta candidatura “laranja” Em Pernambuco, o Ministério Público Federal apura o repasse.

A Procuradoria Regional Eleitoral no Estado propôs uma ação de impugnação de contas eleitorais contra a secretária administrativa do PSL em Pernambuco, Maria de Lourdes Paixão Santos, apontada como suposta candidata “laranja” que foi pivô da crise.

Lourdes Paixão deve ser ouvida pela Polícia Federal.

O valor para Lourdes Paixão pela direção nacional do PSL é semelhante ao que foi repassado à campanha do presidente, que foi de R$433.346,73, embora ela tenha recebido apenas 274 votos.

O dinheiro foi enviado, segundo a Folha, no dia 3 de outubro, quatro dias antes da eleição.

Desse total, Lourdes Paixão gastou 95% em uma gráfica para a impressão de 9 milhões de santinhos e cerca de 1,7 milhão de adesivos.

A Folha de S.

Paulo informou na reportagem que visitou os endereços informados pela gráfica na nota fiscal e na Receita Federal e não encontrou sinais de que estivesse funcionando durante a eleição, quando houve o contrato.