O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta quinta-feira (14), no Recife, que não vai interferir na crise no governo Jair Bolsonaro (PSL). “Minha opinião é que a coisa ficou um pouco confusa com a interferência dos familiares.
Acho que isso gera insegurança.
Mas não tenho nenhuma intimidade com o presidente da República nem tenho que cumprir esse papel, muito pelo contrário: ou a gente mantém a independência ou amanhã ele vai querer interferir na Câmara”, declarou.
Apesar disso, Maia saiu em defesa do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno.
Para o presidente da Câmara, ele “ajuda” na interlocução com o Congresso às vésperas da apresentação da reforma da Previdência.
LEIA TAMBÉM » Militares agem para estancar crise e evitar demissão de Bebianno » Bancada do PSL na Câmara se cala sobre caso Bebianno » ‘Bebianno é da extrema confiança do presidente’, diz Major Olímpio » Bebianno pode voltar ‘às origens’, diz Bolsonaro sobre destino do ministro » Líder do PSL na Câmara diz que cabe a Bolsonaro decidir destino de Bebianno » Bebianno diz não ter intenção de se demitir A temperatura da crise se elevou após a TV Record exibir na noite de quarta-feira (13) uma entrevista com o presidente, a primeira após receber alta do hospital Albert Einstein. À emissora, Bolsonaro praticamente rifou Bebianno ao dizer que ele poderá “voltar às origens” caso fique comprovado seu envolvimento em suspeitas de desvio de recursos eleitorais.
A entrevista ocorreu antes de Carlos Bolsonaro postar no Twitter a mesma acusação de que o ministro havia mentido.
O filho do presidente foi além e divulgou o áudio enviado por Bolsonaro a Bebianno, pelo WhatsApp, no qual ele se recusa a atender ao subordinado.
A cronologia deixou militares da equipe de Bolsonaro desorientados.
A leitura no Planalto, até então, era a de que Carlos estava descontrolado e havia usado o Twitter para atacar o ministro sem o conhecimento do pai.
Um general já havia sido escalado para orientar Bolsonaro a controlar os filhos.
O temor agora é que Bebianno deixe o governo atirando.
Ele foi o principal coordenador da campanha de Bolsonaro. » Bolsonaro sobre laranjas: Determinei à PF que investigue » Repasses do PSL serão apurados e responsabilidades serão definidas, diz Moro » Depoimento de candidata do PSL à PF é adiado » PSOL pede a Dodge para investigar PSL sobre supostas ‘candidaturas laranjas’ » MPF propõe impugnação das contas de candidata que recebeu R$ 400 mil do PSL » Candidata que teve só 274 votos recebeu R$ 400 mil do PSL em Pernambuco O presidente informou que determinou à Polícia Federal a abertura de inquérito para apurar suspeitas de desvios de recursos do Fundo Partidário destinados ao PSL por meio de candidaturas laranjas nas eleições de 2018.
Bebianno presidiu o partido durante o período eleitoral. “Se (o Bebianno) estiver envolvido e, logicamente, responsabilizado, lamentavelmente o destino não pode ser outro a não ser voltar às suas origens”, afirmou o presidente à Record.
O ministro, que foi presidente do PSL, disse a interlocutores que está “muito magoado”.
Só que, Bebianno, já avisou que não pede demissão e que só sai demitido pelo presidente.
Reportagens do jornal Folha de S.Paulo apontaram suspeitas de candidaturas laranjas em Minas Gerais e em Pernambuco.
Nesta quinta-feira, o vice-presidente Hamilton Mourão, e os ministros do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno e da Secretaria de Governo, Carlos Alberto dos Santos Cruz, estão agindo para conter essa tempestade que tomou conta de Brasília. *Com informações do JC e da Estadão Conteúdo