Confira o editorial da edição desta quinta-feira (14) do Jornal do Commercio El Nacional, um dos principais jornais da Venezuela, destacou na edição de ontem que o país está vivendo uma emergência nutricional, com atraso de crescimento que afeta 33% das crianças pobres de 0 a 2 anos.

Deputados da Assembleia Nacional querem ajuda humanitária imediata para evitar a morte de venezuelanos por desnutrição e falta de medicamentos, enquanto no outro lado da batalha midiática o presidente Maduro responde que a ajuda humanitária “é um show para nos humilhar e justificar uma agressão militar dos EUA”.

Entre essas duas trincheiras que dividem o país, processa-se um assombroso relato sobre crianças famintas, em estado de desnutrição, a face cruel de um país potencialmente rico em processo de degradação.

A fonte de algumas das informações mais cruéis sobre a Venezuela – a Assembleia Nacional – parece suspeita por forçar um sistema de governo alternativo com um só poder executivo-legislativo, mas está mais do que evidente que aquele país configura no momento a expressão clássica de um barril de pólvora, uma fratura exposta pelas gravíssimas tensões internas e ameaças externas, chegando ao ponto de o jornal El Nacional até já prever um desenlace em que o presidente eleito, Nicolás Maduro, “poderá refugiar-se em lugares potenciais como México, Cuba, Turquia ou Rússia, em um plano de emergência”.

Enquanto não se confirma esse estado de degradação institucional do país detentor da maior reserva de petróleo do mundo, o que mais choca é a trágica condição de crianças famintas, a face mais comovente da crise, como foi mostrado no noticiário internacional deste JC.

A essa imagem de falência social, parte da imprensa daquele país está adicionando ingredientes que explicariam a tragédia.

Por exemplo, o Centro Estratégico Latino-americano de Geopolítica revela que desde o ano de 2013, quando Nicolas Maduro assumiu o poder e começou o boicote econômico capitaneado pelos Estados Unidos, até o ano de 2017, a Venezuela perdeu 350 bilhões de dólares em produção de bens e serviços, uma das razões da crise humanitária por que passa o país.

Uma sinalização verde e amarela para a crise gerada pelo boicote é mostrada com a utilização de um banco russo pelo governo brasileiro para pagar ao governo da Venezuela pela energia utilizada em Roraima.

Esse Estado do extremo Norte depende do fornecimento de eletricidade do país vizinho desde 2001.

A BBC e o The New York Times desenvolvem o argumento de que as sanções dos Estados Unidos contra a Venezuela são parte de uma política equivocada como foi posta em prática contra Cuba, porque afeta o povo venezuelano e agrava a situação interna do país.

Se essa situação está feia hoje, tem até uma data mais crítica neste mês, o dia 23, quando será forçado o ingresso da ajuda humanitária, segundo proclama o presidente autoassumido, Juan Guaidó, enquanto Maduro responde que a ajuda humanitária “é um show para nos humilhar e justificar uma agressão militar, um plano macabro dos Estados Unidos”.