A entrevista do ministro da Educação de Bolsonaro nas Páginas Amarelas da Veja nesta semana continua rendendo.
Veja a nota de repúdio do deputado federal pernambucano, que também atua no setor de educação Danilo Cabral Presidente da Comissão de Educação Venho por meio desta nota manifestar o meu repúdio às recentes declarações do atual ministro da Educação, Sr.
Ricardo Vélez Rodríguez, que se referiu aos brasileiros como “ladrões” e “canibais”.
O ataque generalizado proferido pelo Sr.
Velez é leviano, ofende o povo brasileiro e é incompatível com a conduta de um ministro de estado.
A declaração nos inferioriza como sociedade e reflete total desconhecimento sobre a população brasileira, que reflete um povo honesto e trabalhador.
Apesar de existir no Brasil, assim como em todos os países do mundo, os referidos desvios de conduta não são praticados pela maioria dos brasileiros.
Portanto, é inaceitável que uma autoridade do primeiro escalão do governo federal se refira dessa forma à sociedade brasileira.
Mais uma vez o ministro da Educação se envolve em polêmicas etéreas para desviar o foco das questões estratégicas da educação no Brasil, que está gravemente ameaçada pelo congelamento de recursos pelos próximos 20 anos.
Nada se discute sobre o fato de termos 31,2% da população entre 18 e 24 anos que não frequenta e não concluiu o ensino médio; de haverem somente 25,6% das crianças até 3 anos de idade frequentando creches; ou mesmo por existirem somente 11,5 % de matrículas da educação básica em tempo integral.
Ao invés de enfrentar o problema do acesso ao ensino superior no Brasil, no qual somente 23,2% da população entre 18 e 24 anos está matriculada, sendo que a média da América Latina é de 40%, o ministro defende uma universidade para a elite, argumentando que existem vagas demais.
Uma afirmação completamente descabida em um país que possui apenas 54% dos docentes da educação básica com formação superior compatível com a disciplina que lecionam.
A verdade é que até o presente momento o ministro não conseguiu apresentar nenhuma proposta relevante para enfrentar os verdadeiros dilemas da educação no Brasil.
Diante do exposto, reafirmo minha indignação com as declarações ofensivas do Sr.
Velez e minha preocupação com a indefinição e a falta de nitidez sobre os reais objetivos do governo para a educação no Brasil.
Seguiremos vigilantes.
Nenhum ataque à educação e ao povo brasileiro passará incólume por nossa Comissão.