O senador Renan Calheiros, do MDB de Alagoas, acaba de retirar a sua candidatura à presidência no Senado, possivelmente com receio de que fosse suplantado pelo candidato bolsonarista Davi Alcolumbre, do Democrata do Amapa.
Desde o dia anterior, com a ajuda dos novos senadores ligados a Bolsonaro, o democrata havia se apresentado como o candidato anti-Renan Calheiros.
Ele chegou a sentar por sete horas no comando da sessão para não ceder espaço aos aliados do alagoano.
A aliada Katia Abreu chegou a tomar a pasta de condução dos trabalhos, para impedir a continuidade dos trabalhos.
Antes de jogar a toalha, na sessão deste sábado, Renan Calheiros acusou o governo Federal de interferir no Legislativo, afirmando que o senador do PSL Flávio Bolsonaro havia declarado o voto, nesta segunda votação, indicando o dedo do Palácio do Planalto.
Antes, o alvo do senador alagoano era apenas o ministro da articulação política, Onix Lorenzoni.
Na primeira votação, Flávio Bolsonaro não abriu o voto.
Na sáida do plenario, depois da consfusão, ao falar com os jornalistas, Renan Calheiros fez ironia, ao afirmar que “Davi, na verdade, era Golias, não era Davi”, em referência à interferência do Poder Executivo.
Caso o comando da casa ficasse sob o comando de Renan Calheiros, o governo Bolsonaro seria refém do alagoano. “Um detalhe importante foi que Renan Calheiros deixou pra renunciar no meio da votação para não dar a Simone Tebet o direito de se candidatar”, reportou Romualdo de Souza, da Rádio Jornal em Brasília.
Com a reclamação de que houve quebra da decisão do voto secreto, Renan Calheiros dá sinais de que o grupo do MDB pode pedir a judicialização do processo, no STF.
O senador José Maranhão (MDB-PB) deu continuidade à votação mesmo após a desistência do senador Renan Calheiros (MDB-AL).
O que era esperado é que a votação no Senado iria para um segundo turno entre os dois candidatos mais votados, justamente Renan e Davi.
Seis nomes estavam na disputa, na reta final.
Nove estavam inicialmente na disputa.
Antes do desfecho inesperado, seis senadores permaneciam almejando à Presidência do Senado: Ângelo Coronel (PSD-BA), Davi Alcolumbre (DEM-AP), Espiridião Amin (PP-SC), Fernando Collor (Pros-AL), Renan Calheiros (MDB-AL), Reguffe (sem partido-DF).
Concluída a primeira votação, começou a apuração dos votos pelas cédulas.
Os votos foram lidos pelo senador Fernando Bezarra Coelho (MDB-PE), que estava secretariando a Mesa.
A estratégia inicial da oposição a Renan foi ampliar o número de candidatos para pulverizar as chances do alagoano.
Veja abaixo como foi o discurso do senado antes da votação O senador de Alagoas Renan Calheiros, do MDB, faz discurso pedindo votos aos colegas, para presidir mais uma vez a Casa.
Ele revelou que Bolsonaro telefonou para ele e pediu um encontro na próxima quarta-feira, em Brasília.
O telefonema teria sido uma forma de agradecer um post no qual ele pediu recuperação para o militar.
Depois, aproveitou para criticar a articulação política do Planalto, alvejando Onix, ao afirmar que o telefonema foi vazado, de modo a que Bolsonaro ficasse constrangido a ligar para todos os demais candidatos.
Em um trecho do discurso, Renan disse que o Brasil não iria para frente sem reformas, lançando pontes com o novo governo.
Ele já havia se reunido com Paulo Guedes, ministro da Economia de Bolsonaro.
Também disse que o pior do Brasil era a manutenção dos privilégios, sem citar a aposentadoria. “O Executivo não pode nada sozinho”, mandou o recado.
Renan Calheiros aproveitou para fazer uma ironia com o adversário Dani Alclumbre, que abandonou o anonimato no dia anterior ao presidir uma sessão por sete horas, sem sair da cadeira, para não abrir espaço para aliados do alagoano. “O Senado já não pode controlar este Davi … que se transformou em um Golias descontrolado.
Davi éramos nos outros senadores ontem”, afirmou, em referência aos colegas que haviam ido ao STF manter a votação secreta.
O senador disse, de forma irônica, que o Senado foi vítima de atentado, em uma referência à renovação de mais de 50% dos quadros. “Eu avisei aos colegas que o Senado estava sendo jogado ao chão”, observou.
Renan prometeu criar uma área especial no Senado para avaliar a constiutucionalidade de medidas a serem apresentadas e ter base para recusar de ofício, ou seja, sem nem analisar o mérito. “Não vai deixar tramitar nada que fira a ordem constitucional”, afirmou, em possível recado ao Ministério Público e ao ex-juiz Sergio Moro, tornado ministro da Justiça de Bolsonaro. “Não vai ficar o Senado como coxeira de nepotismo cruzado”, em recado enigmatico.
Com sua fala, acabaram os discursos e pode começar a votação.
Encerrados os discursos, o senador José Maranhão (MDB-PB) inicia o processo de votação.
Vence quem alcançar maioria absoluta de votos.
Caso isso não ocorra, haverá 2º turno com os dois mais votados.