Tanto senadores favoráveis ao voto secreto quanto os senadores favoráveis ao voto aberto propuseram que a sessão no Senado fosse adiada até amanhã.
Nesta sexta-feira, um dos integrantes mais discretos do Senado virou a grande pedra no sapato de uma de suas figuras mais conhecidas.
O presidente em exercício da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), ganhou status de principal obstáculo ao plano de Renan Calheiros (MDB-AL) de voltar à presidência pela quinta vez.
Derrotada por Renan em votação da bancada, por sete votos a cinco, a ex-líder do MDB Simone Tebet (MS) atua intensamente nos bastidores para aglutinar as demais candidaturas em torno de Alcolumbre contra o colega de partido.
O tucano Tasso Jereissati (CE), que surgiu como um nome forte ainda no fim do ano passado, não decolou e desistiu da disputa no começo da tarde.
Tasso, Major Olimpio (PSL-SP) e Alvaro Dias (Podemos-PR) haviam acenado com a desistência para apoiar Simone caso ela seguisse na disputa.
A votação estava prevista para começar às 18 horas e arrastou, no mais otimista dos cenários, até tarde da noite.
Mas a guerra regimental começou pela manhã, com a decisão de Alcolumbre de revogar um ato assinado pelo secretário-geral da Mesa, Luiz Fernando Bandeira de Mello, que garantia o comando da sessão em que será escolhido o novo presidente ao senador mais idoso, José Maranhão (MDB-PB), aliado de Renan.
Alcolumbre ainda exonerou Bandeira de Mello, conduzido ao cargo por Renan e mantido por Eunício Oliveira (MDB-CE).
Terceiro suplente da Mesa, ele assumiu interinamente a presidência do Senado por ter sido o único remanescente da direção do Senado em meio de mandato.
Os demais não se reelegeram.
O grupo do senador alagoano questionou a isenção do amapaense para conduzir os trabalhos, mesmo sendo candidato.
Entre as principais questões que o plenário teria de resolver estão o modelo de votação, se aberta ou fechada, e a previsão de dois turnos, ou não.
O bloco que faz oposição a Renan pressiona por voto aberto e em duas rodadas de votação caso nenhum dos candidatos alcance a maioria absoluta (41) dos votos.
Eles também lançaram um abaixo-assinado, entre os senadores, contra o sigilo da votação.
Apoiam Renan MDB, PT, PDT, parte do PP e parlamentares isolados de quase todos os demais partidos.
Ele construiu uma boa relação com o ministro da Economia, Paulo Guedes, a quem promete usar toda sua habilidade em favor da aprovação da pauta econômica do novo governo, e é visto como uma espécie de couraça do Senado contra as investidas policiais ou judiciais que tenham senadores como alvo.
Seu ponto mais fraco é a rejeição popular, demonstrada intensamente nas redes sociais, decorrente de sua longa trajetória de contradições e acusações criminais.
O apoio a Alcolumbre está concentrado no DEM, no PSD, na Rede e no PSL, mas ele também tem adesões distribuídas em diversas outras legendas, inclusive no MDB.
Um dos principais articuladores da sua candidatura é o senador Izalci (PSDB-DF).
Seu projeto foi encampado em novembro pela cúpula do DEM.
O prefeito de Salvador, ACM Neto, presidente nacional do partido, chegou a autorizar a contratação de jatinho para que ele pudesse visitar alguns estados, durante o recesso legislativo, para conversar com senadores.
Também tem o entusiasmado apoio do chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e dos filhos de Bolsonaro, o deputado Eduardo e o senador Flávio.
Davi Alcolumbre, porém, também tem seus pontos frágeis: o fato de ser do DEM (partido pequeno demais para os três ministros que já tem e para uma bastante provável presidência da Câmara) e a inexperiência, sobretudo quando comparado ao tarimbado Renan.
Com informações do Congresso em Foco