Por Silvio Costa, deputado federal pelo Avante que deixa a Câmara em 2019 Dos 513 deputados federais que irão tomar posse no próximo dia 1 de fevereiro, 136 foram eleitos por partidos que fazem oposição ao governo de Jair Bolsonaro (PSL).
São o PT, PSB, PDT, PSOL, PCdoB e Rede.
Na matemática do parlamento, o governo Bolsonaro terá, em tese, 377 deputados e deputadas para conseguir os 308 votos necessários para aprovar a reforma da Previdência.
Ou seja, o governo vai precisar de 81% de adesão entre os 377 parlamentares.
Não será uma tarefa fácil convencer os parlamentares, sobretudo se o governo Bolsonaro insistir em dar tratamento diferenciado aos militares na reforma, que será fundamental para acertar as contas do País, mas desde que haja o sacrifício de todos.
Vai ser preciso muito diálogo, muita clareza, muito poder de persuasão, até porque grande parte desses parlamentares já está pensando nas eleições municipais de 2020.
Muitos serão candidatos a prefeito.
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Poucos, certamente, levantaram a bandeira do ajuste fiscal.
Existe uma máxima, no Parlamento, que diz: “quando as galerias da Câmara estão lotadas, o Brasil perde R$ 5 bilhões; quando aplaudem, o País perde R$ 10 bilhões”.
Há uma série de parlamentares que tem medo de galeria cheia, enquanto outros jogam para a plateia.
Será que 308 dos 377 parlamentares vão aguentar o lobby das corporações?
Será que teremos 308 pensando nas próximas gerações e não nas próximas eleições?
Entendo que é imprescindível que o governo atual convoque os governadores dos 26 Estados e do Distrito Federal e peça a responsabilidade pública de cada um e que convide representantes dos setores patronais, laborais e da grande mídia brasileira para um diálogo, colocando em letras garrafais e números transparentes o alerta pelo futuro imediato do País: “Se vocês não ajudarem a aprovar a reforma da Previdência, o Brasil vai quebrar”. É preciso dizer que não é uma questão de governo, mas sim uma responsabilidade com os jovens de hoje e as próximas gerações.
Chegou a hora do governo Bolsonaro e a oposição desarmarem os palanques e pensarem no futuro do País.
Considero que, neste momento, a melhor forma da oposição brasileira se reencontrar com o País é declarando apoio à reforma da Previdência.