Estadão Conteúdo - Colegas do deputado federal Jean Wyllys (RJ) lamentaram a decisão do parlamentar do PSOL de desistir de seu terceiro mandato na Câmara. “A decisão de deixar o Brasil é sintoma deste tempo sombrio em que o ódio tomou a política”, escreveu o deputado eleito e candidato à presidência da Câmara Marcelo Freixo (PSOL-RJ).
Já o líder do PCdoB na Câmara, Orlando Silva (SP), disse que a Casa perdeu um parlamentar “qualificado e batalhador”.
Reeleito em outubro com 24.295 votos, Wyllys disse que tomou a decisão por sofrer ameaças e temer por sua vida.
A informação foi antecipada pelo jornal Folha de S.Paulo e, na sequência, o parlamentar confirmou a decisão em sua conta no Twitter. “Preservar a vida ameaçada é também uma estratégia da luta por dias melhores”, escreveu o deputado do PSOL-RJ, que conta com escolta policial e deverá deixar o País.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também lamentou a decisão tomada por Jean Wyllys. “Como presidente da Casa, e seu colega na Câmara, mesmo estando em posições divergentes no campo da ideias, reconheço a importância do seu mandato.
Nenhum parlamentar pode se sentir ameaçado, ninguém pode ameaçar um deputado federal e sentir-se impune.” Jean Wyllys foi o primeiro parlamentar assumidamente gay a defender a causa LGBT no Congresso Nacional.
Ele alcançou projeção nacional após vencer o reality show Big Brother Brasil, da TV Globo.
A renúncia ainda não foi oficializada.
Quando confirmada, a vaga será ocupada pelo vereador no Rio David Miranda, também do PSOL Também na sua conta do Twitter, Wyllys deu destaque a um post de abril de 2018 com um vídeo no qual mostra ameaças de morte a ele pelas redes sociais, além de acusações de pedofilia e pornografia infantil.
O vídeo ainda associa a vereadora carioca assassinada Marielle Franco, do mesmo partido de Jean Wyllys, como personalidade política que também sofreu ameaças de morte.
Bolsonaro Jean Wyllys e o presidente Jair Bolsonaro eram rivais declarados na Câmara dos Deputados e chegaram a protagonizar embates polêmicos na Casa.
Em abril de 2016, durante a análise do processo de impeachment da então presidente Dilma Rousseff, o parlamentar do PSOL cuspiu em Bolsonaro.
O Conselho de Ética abriu um processo para apurar o caso.
Ontem, logo após a divulgação da desistência do deputado, Bolsonaro publicou a mensagem “grande dia” em seu Twitter.
Seu filho o vereador Carlos Bolsonaro publicou minutos depois: “Vá com Deus e seja feliz!”.
Freixo atacou o presidente na rede social: “Que tal você começar a se comportar como presidente da República e parar de agir como um moleque?
Tenha postura”.
Na sequência, Bolsonaro negou que a mensagem tinha relação com Jean Wyllys. “Fake News!
Referi-me à missão concluída, reuniões produtivas com Chefes de Estado, voltando ao país que amo, Bolsa batendo novo recorde na casa dos 97.000 e confiança no nosso país sendo restabelecida, isso faz de hoje um grande dia”, escreveu.