O coordenador do MBA de Marketing Digital da Fundação Getulio Vargas (FGV), André Miceli, disse acreditar que as mudanças nas regras de compartilhamento do WhatsApp devem dificultar a propagação de fakenews no ambiente do aplicativo.
Segundo ele, ficará mais trabalhoso e oneroso espalhar boatos e informações falsas. “A impossibilidade de identificar o emissor e de ter acesso ao conteúdo da mensagem permite campanhas de desinformação com amplo alcance.
Portanto, a medida, mesmo que insuficiente, desestimula alguns grupos a fazer marketing político, como aconteceu durante a última eleição presidencial no Brasil.
Vimos a direita e a esquerda utilizarem a ferramenta para enviar boatos e informações falsas”, relata André Miceli.
Miceli afirma que a medida dificulta o trabalho de empresas e pessoas contratadas para enviar pacotes de notícias falsas em massa.
Para ele, essas agências terão mais trabalho e vão cobrar mais caro para usar a base de usuários do candidato ou bases vendidas por agências de estratégia digital. “As fakenews não vão acabar, mas seu alcance por meio dessas empresas será menor.
O limite anterior de encaminhamento imposto pela Facebook Inc, dona do Whatsapp, já reduziu significativamente as mensagens compartilhadas ao redor do mundo”, diz o professor da FGV.
O professor da FGV avalia que esta mudança testada na Índia, desde julho de 2018, já foi benéfica. “O índice de fakenews caiu cerca de 25%”, ressalta Miceli, lembrando que o volume de boatos no país foi tão grande que provocou linchamentos e mortes nas ruas devido a informações falsas.
Miceli pondera ainda que, com a medida anunciada, o Facebook Inc propõe voltar, cada vez mais, ao propósito inicial do aplicativo.
Segundo ele, o software, lançado em 2009, tinha como objetivo possibilitar que duas pessoas pudessem se comunicar instantaneamente. “Após demanda dos usuários, além de mensagens de texto, passou a ser possível o envio de imagens, vídeos e documentos em PDF, além de ligações grátis por meio de conexão com a internet”, lembra o especialista.