Uma esquerda estadista Silvio Costa é deputado federal (Avante-PE), no jornal O Globo, do Rio de Janeiro O escritor e pensador americano James Freeman Clarke já dizia, no século XIX, que os políticos pensam nas próximas eleições, e os estadistas, nas próximas gerações.
Nunca o Brasil precisou tanto de estadistas como nos anos vindouros.
Nós, políticos, seja qual for a coloração ideológica, precisamos ajudar a construir o futuro do país.
Penso, particularmente, que a esquerda precisa fazer um curso de contabilidade pública.
Precisa admitir que, para continuarem as políticas de inclusão social, o Estado brasileiro necessita recuperar a sua capacidade de investimento.
A esquerda sabe que os governos Lula e Dilma tentaram fazer a reforma da Previdência e chegaram a aprovar algumas ações pontuais.
No governo Dilma, fui o relator do Funpresp (Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal do Poder Executivo) na Comissão do Trabalho da Câmara Federal, e o deputado Ricardo Berzoini, do PT, foi o relator no plenário.
Aprovamos o Funpresp com a quase totalidade dos votos da esquerda.
Chegou a hora de aceitar e fazer o debate sobre a reforma da Previdência.
Penso que a esquerda não pode perder a oportunidade histórica de se reencontrar com o Brasil.
Proponho que assuma a bandeira do ajuste fiscal, uma bandeira que não é de Bolsonaro.
Ele sempre foi contra.
O agora presidente Jair Bolsonaro votou contra a reforma da Previdência.
Aliás, ele nunca teve firmeza em relação a este tema.
Na maioria das vezes, cedeu ao lobby das corporações.
A esquerda tem de continuar a ser muito combativa contra as propostas conservadoras, tipo armar a população.
Entretanto, na economia é hora de debater reformas da Previdência e tributária e privatizações de algumas estatais.
Isto não significa aderir ao liberalismo.
Na verdade, ou fazemos as reformas ou o Estado brasileiro, que já está agonizando, vai quebrar em curto prazo. É hora de uma esquerda estadista.