O ex-governador de Pernambuco e ex-ministro Gustavo Krause participou do programa 20 minutos deste sábado, às 19h20, na Tv Jornal, com o cientista político Antônio Labareda.

Entre outros assuntos, Krause comentou o que esperar do governo Bolsonaro.

Krause recomendou ao presidente que tenha em mente sempre que as palavras tem uma potência e significado, como candidato e também como presidente. “Espero que o presidente tenha a noção exata de construir espaços de diálogo para administrar os dissensos e chegar aos consensos”, declarou, em dado trecho da conversa com Antônio Lavareda. “Algumas manifestações dele assustaram um pouco”, afirmou, sem dar exemplos. “É preciso que o Brasil crie um centrão do bem”, sugeriu, em outro momento do programa. “Uma consciência nacional para estabelecer pesos e contrapesos e trabalhar em agenda positiva.

Eu espero isto dele, uma vocação democrática, o império da lei, o respeito a uma tradição iluminista da lei”.

No que toca as relações com a imprensa, Krause afirma que seria bom que Bolsonaro buscasse se relacionar com os meios de comunicação tradicionais e não ficasse apenas nas redes sociais.

Ele disse acreditar que, sem a mediação, há risco de que se caia no autoritarismo, em perda da democracia. “Qual é meu receio com o uso das redes sociais?

Depois de uma eleição atomizada e com os partidos fragilizados, a relação direta com o eleitor, sem usar os corpos intermediários que fazem as teias democráticas” “É preciso azeitar a conversa com a imprensa e não se comunicar tão somente com aquilo que deu solidez a eleição dele.

A comunicação direta com a população pode ser transparente e ajudar no convencimento, mas pode se transformar em um mecanismo antidemocrático”, alertou, já no fim do programa.

No ar, ele promete uma talhada de doce de goiaba para quem disser o que vai acontecer com a reforma política.

Diz torcer para que haja uma cláusula de barreira, de modo que haja redução dos partidos e menos fragmentação.

Hoje, ainda existem 17 partidos. “O ideal é que se possa governar com propostas programáticas (resultado de menos partidos)” Krause disse que não acredita que o PSL vai vingar no atual sistema porque ele não é liberal. “O PSL não é liberal.

E o Brasil é um pais iliberal, viciado em Estado, corporativista e patromonialista.

O que vai prevalecer?

A visão ultraliberal de Paulo Guedes ou o corporativismo difuso e nem tão invisível que compõem o Congresso Nacional?

Não sei” Sobre a reorganização da máquina pública, proposta pelo novo governo, Krause brincou com o passado recente. “A receita do fracasso a gente já conhece, que é ter 40 ministérios”, disse. “O Coaf será um dos mais importantes (no combate ao crime organizado)”, afirmou, referindo-se à área de Justiça.