A entrega do eixo norte da transposição do rio São Francisco, prevista para o fim do governo Michel Temer (MDB), deve ficar para a gestão de Jair Bolsonaro (PSL).
A cerimônia havia sido confirmada para acontecer entre os dias 26 e 28 de dezembro, em Salgueiro, no Sertão Pernambuco, onde fica a terceira e última estação de bombeamento.
Apesar disso, nesta terça-feira (25), o Ministério da Integração Nacional afirmou que não há “nenhum evento programado para os próximos dias”.
Temer fica no cargo até a próxima terça-feira (1º), quando transmite o cargo para Bolsonaro em Brasília, dois anos e meio após tomar posse.
Pensado desde o período do Império, o canal da transposição começou a ser construído em junho de 2007, no início do segundo mandato de Lula (PT).
A previsão era de inaugurar o eixo leste ainda naquele governo e deixar o eixo norte com a maior parte concluída.
Isso não aconteceu e o eixo leste, que vai de Pernambuco para a Paraíba, foi entregue em março de 2017, por Temer.
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A previsão, segundo o governo do Ceará, é de que chegue ao estado em até o fim de fevereiro do ano que vem.
Eixo norte da transposição (Foto: Carlos Gibaja/Divulgação) - Eixo norte da transposição (Foto: Carlos Gibaja/Divulgação) Foto: Carlos Gibaja/Divulgação - Foto: Carlos Gibaja/Divulgação Foto: Beto Barata/Presidência da República - Foto: Beto Barata/Presidência da República Alckmin com Helder Barbalho na transposição (Foto: Adalberto Marques/Ministério da Integração) - Alckmin com Helder Barbalho na transposição (Foto: Adalberto Marques/Ministério da Integração) Fernando Bezerra Coelho na transposição, em Floresta (Foto: Divulgação) - Fernando Bezerra Coelho na transposição, em Floresta (Foto: Divulgação) Em 2016, com o PSB já se posicionando pelo impeachment, Paulo Câmara não esteve no local (Foto: Roberto Stuckert Filho/Presidência da República) - Em 2016, com o PSB já se posicionando pelo impeachment, Paulo Câmara não esteve no local (Foto: Roberto Stuckert Filho/Presidência da República) Dilma Rousseff em visita a Cabrobó em agosto de 2015 (Foto: Roberto Stuckert Filho/Presidência da República) - Dilma Rousseff em visita a Cabrobó em agosto de 2015 (Foto: Roberto Stuckert Filho/Presidência da República) Fotos: Carlos Gibaja/Governo do Ceará - Fotos: Carlos Gibaja/Governo do Ceará Foto: Ministério da Integração/Divulgação - Foto: Ministério da Integração/Divulgação Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula - Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula Com abertura da comporta do reservatório de Campos, água da transposição pode abastecer Sertânia (Foto: Divulgação) - Com abertura da comporta do reservatório de Campos, água da transposição pode abastecer Sertânia (Foto: Divulgação) O ministério informou que as obras do eixo norte estão em fase final com mais de 97% dos serviços concluídos.
De acordo com a pasta, responsável pela construção iniciada em 2007, todas as grandes estruturas para conduzir a água aos estados beneficiários estão prontas, entre estações de bombeamento, túneis, aquedutos e canais. “Os trabalhos remanescentes continuam com turnos 24 horas, sobretudo no trecho entre os municípios de Salgueiro (PE) e Jati (CE), responsável por dar funcionalidade ao empreendimento”, afirmou a Integração Nacional em nota. » Ciro Gomes acena para NE com promessa de concluir transposição do São Francisco » Canal do eixo norte da transposição pode ter sido alvo de criminosos » Em ofício, Paulo cobra Temer por ‘extrema injustiça’ na transposição » Ministério estuda usar energias renováveis para baratear custos da transposição No eixo norte, a água do rio São Francisco está sendo captada em Cabrobó, também no Sertão de Pernambuco, e levada por 80 quilômetros de canais até a estação de bombeamento em Salgueiro.
De acordo com o ministério, nesse trajeto, em atendendo mais de 12 mil moradores em comunidades rurais nos municípios pernambucanos de Cabrobó e Terra Nova.
Eixo leste Hoje, de acordo com o ministério, mais de 1 milhão de pessoas são beneficiadas pelo eixo leste em 35 municípios nos dois estados, sendo a maioria na Paraíba.
Em Pernambuco, ainda precisam ser construídos o ramal e a adutora do Agreste.
O primeiro, de responsabilidade do governo federal, sequer foi licitado.
O projeto é um canal, como acontece na transposição, para captar água do São Francisco e levar para Arcoverde, no Sertão.
A adutora, obra executada pelo Governo do Estado com recursos federais, será responsável por levar a água até Gravatá. » Temer promete entregar transposição até o fim do mandato » MPF pede fim de obras complementares antes de entrega da transposição » Governo Temer cria 3º turno para entregar água da transposição ao Ceará em agosto » Governo rescinde contrato da transposição e substitui construtora » CGU: transposição do Rio São Francisco não tem garantia de operação e manutenção Além disso, a previsão é de que adutora opere inicialmente com apenas 20% do volume.
Isso porque o que vai captar a água da transposição para levar até ela é a Adutora do Moxotó, que também deve ficar pronta em março, mas não tem a mesma capacidade do Ramal do Agreste.
O governador Paulo Câmara (PSB) decidiu fazer o caminho inverso e buscar água da transposição na Paraíba, através da Adutora do Alto Capibaribe.
Em nota, o ministério afirmou que “também é importante destacar que cabe ao Governo Federal entregar a água do Rio São Francisco aos pontos de captação inicialmente previstos nos quatro estados beneficiários.
Já os governos estaduais têm a prerrogativa de estudar e implementar intervenções necessárias para levar o recurso hídrico aos municípios e às torneiras das casas da população”.
Disputa de paternidade No ano passado, com a entrega do eixo leste, a transposição foi usada para aproximar figuras políticas do Nordeste.
Na maioria das vezes em que viajou para o Nordeste, Temer visitou as obras.
Em uma dessas visitas, inaugurou o eixo leste, onde a população ligou a chegada da água a Lula.
Uma semana depois da entrega do empreendimento, o petista e a sua sucessora, Dilma Rousseff (PT), também fizeram uma “inauguração” informal.
O candidato do PSDB à presidência da República este ano, Geraldo Alckmin, após articular a doação de equipamentos da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) para os dois eixos da transposição, também tentou usar a obra para colar a sua imagem à região.
Além dele, Ciro Gomes, que foi candidato pelo PDT, prometeu inaugurar o projeto, se fosse eleito. » Temer promete estudo sobre transposição do Tocantins para o São Francisco » Pernambuco vai buscar água da transposição na Paraíba » Paulo se recusa a pagar transposição se não chegar recurso para adutora » No Recife, Alckmin usa transposição para colar imagem no Nordeste » Bomba da transposição é roubada e ministério suspeita de comerciantes em depredação » Ministro religa bombas da transposição inauguradas por Dilma em Pernambuco Antes de deixar o governo, em maio de 2016, Dilma chegou a visitar Cabrobó, onde ficam a primeira e a segunda estações de bombeamento, e, já em tom de despedida uma semana antes de ser afastada pelo Senado, afirmou que ficaria triste se não visse como presidente a conclusão das obras.
A transposição é, ainda, uma das prioridades da equipe de transição de Bolsonaro.
Construtoras Desde 2016, três construtoras ficaram responsáveis pelas obras do eixo leste, no trecho entre Salgueiro e Jati.
A empreiteira que cuidava da obra desde o início era a Mendes Júnior, que pediu para deixar o canteiro em junho de 2016, um mês após Temer assumir a presidência, alegando dificuldade para obter crédito.
A construtora é uma das envolvidas na Operação Lava Jato e foi considerada inidônea.
As obras foram entregues pela Mendes Júnior com 94,52% de conclusão. » Governo estuda privatizar transposição do São Francisco » População espera transposição, mas cobrança por consumo aflige » Um ano depois, obras são retomadas no eixo norte da transposição » Paulo Câmara aceita divisão de custos da transposição e promete isentar mais pobres » Maia assina ordem de serviço de trecho da transposição parado há um ano A licitação só foi iniciada seis meses depois da paralisação da obra e, após as duas empresas que apresentaram os menores preços terem sido desabilitadas por questões técnicas, o contrato foi assinado em abril de 2016.
Desde maio, a Ferreira Guedes é a empreiteira que toca o empreendimento.
Isso aconteceu depois que o Ministério da Integração Nacional rescindiu o contrato com o consórcio Emsa-Siton, que venceu a licitação marcada por um processo judicial em 2017.
Segundo a pasta, as empresas não tinham condições financeiras de continuar o serviço.
Além de Pernambuco e Paraíba, o eixo norte vai beneficiar Rio Grande do Norte e Ceará.