Com referência a nota (artigo de opinião) do jornalista Evaldo Costa, que a memória de Arraes proíbe diálogo com os que prenderam e exilaram, tenho a dizer o seguinte: 1.
Trata-se de uma opinião, uma vez que Evaldo Costa não é porta voz da memória de Miguel Arraes.
Também não sou o porta voz, mas como familiar e pessoa próxima ao mesmo estou legitimado para falar, estando inclusive finalizando uma biografia sobre o mesmo e um livro de correspondências de Arraes. 2.
Arraes sempre pregou o diálogo.
Recebeu Henry Kissinger para almoço durante o seu segundo governo, quando visitou Pernambuco.
Fez uma homenagem ao seu carcereiro, em Fernando de Noronha, que o tratou respeitosamente.
Na última campanha do Presidente Lula não vitoriosa, foi o interlocutor para o General Leônidas, que à época tinha dado polêmica decisão sobre uma possível vitória de Lula, que este não assumiria.
Sempre viu nas Forças Armadas uma entidade importante para o País. 3.
Arraes combateu politicamente os que prenderam e exilaram, mas nunca deixou de dialogar com os contrários, o que foi uma marca de sua vida, o que contradiz o discurso do jornalista.
Antônio Campos Recife, 20 de dezembro de 2018.