Por Felipe Carreras, deputado federal pelo PSB, em artigo enviado ao Blog de Jamildo Esta terça-feira será um dos dias mais importantes na história do Aeroporto Internacional do Recife.
Isso porque os desembargadores do Tribunal Regional Federal decidirão se manterão o processo de privatização iniciado pelo governo Temer ou se aceitam nosso pedido de parar o mesmo até que sejam apresentados estudos concretos de que o modelo em blocos proposto é benéfico para Pernambuco.
O Governo Federal lançou um edital para conceder o nosso terminal junto a outros cinco equipamentos, sendo eles de Maceió, Aracaju, Juazeiro do Norte, Campina Grande e João Pessoa, todos eles deficitários ou com margens de lucro baixíssimas.
Enquanto isso, o nosso aeroporto obteve um lucro de cerca de R$ 130 milhões em 2017.
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Pessoas que se dedicam para fazer cada dia mais e melhor em favor de todos os passageiros e pessoas que circulam no equipamento.
Foram eles que transformaram o nosso Aeroporto em um dos melhores do Brasil e do mundo.
O problema é que, por uma decisão deste governo e dos anteriores, os investimentos no terminal foram estancados.
Nem mesmo as intervenções acertadas entre a Anac e a Infraero para ajustes de segurança na nossa pista foram realizados até o momento.
E olhe que estamos falando de segurança.
Não sou contra a privatização.
Sou contra o modelo adotado e a forma como estão tratando os funcionários da Infraero.
Quero uma privatização que visa a modernização do terminal, mantendo as pessoas que sempre demonstraram competência na sua gestão e que conhecem como funciona cada palmo daquele lugar.
Diante do desmonte da Infraero, com a privatização de 60% do mercado de passageiros, tememos perder competitividade com outros aeroportos que já foram privatizados de forma individual e estão recebendo grandes investimentos.
Esse é apenas um dos problemas deste processo em que estamos sendo cobaias de um novo modelo que ninguém garante que vai dar certo.
Nenhum outro aeroporto até o momento foi privatizado em bloco.
A diferença entre um modelo e outro pode ser visto muito claramente no nível de investimento.
O aeroporto de Salvador, por exemplo, receberá R$ 2,8 bilhões da Vinci Airports, da França.
O nosso está previsto para receber apenas cerca de R$ 800 milhões, pois precisará dividir os investimentos com os outros terminais do bloco Nordeste.
Apenas esse fato já demonstra que nosso nível de competitividade vai cair abruptamente nos próximos anos, caso a privatização continue como está.
Outra situação que nos preocupa é o número e a qualidade de empresas que entrarão no leilão.
Não precisamos ser nenhum economista para saber que comprar uma empresa que dá R$ 130 milhões de lucro é muito diferente de comprar seis, onde apenas uma dá lucro e as outras serão sustentadas por esta. É inconcebível mercadologicamente se pensar que vamos sair ganhando de alguma forma com este modelo do Governo Federal.
Um terceiro ponto que muitos estão falando como defesa do modelo em blocos é a possibilidade de a empresa vencedora fazer a indicação de que os aviões circulem mais entre os aeroportos do bloco.
Isso é uma falácia.
Quem define onde e quando os aviões vão pousar são as empresas aéreas.
Elas realizam estudos profundos e detalhados antes de lançar qualquer novo voo.
Nenhum aeroporto do Brasil é capaz de escolher a aeronave que chega e para onde ela vai. É uma decisão de mercado e não vai mudar por causa de um bloco criado pelo governo.
Aeroporto vive de passageiro e o Recife vai chegar na casa dos oito milhões neste ano, enquanto o segundo maior no Bloco Nordeste, que é Maceió, deve ficar em cerca de 2 milhões.
Além desses questionamentos, temos alguns outros, como a ausência de estudos que comprovem que o modelo é benéfico para Pernambuco, o fato de a concessão ter sido iniciada durante um ano eleitoral, a audiência pública promovida pela Anac no Recife ter servido apenas para tirar dúvidas sobre o modelo em blocos e não com a finalidade de construir algo em conjunto com a população, entre outras.
O Aeroporto Internacional do Recife é um dos maiores patrimônios de Pernambuco e merece respeito.
Respeito esse demonstrado pelo Ministério Público Federal, que recomendou que o TRF aceitasse todas as nossas considerações e parasse o processo imediatamente, sob riscos de o terminal recifense ter o seu nível de trabalho e de competitividade diminuído de forma considerável nos próximos anos, gerando um prejuízo incalculável para nosso Estado.
Esta nossa luta vem sendo realizada desde abril deste ano.
Já realizamos duas audiências públicas em Brasília, a última com a presença do ministro dos Transportes, Valter Casimiro, um seminário no Recife, nos reunimos com o então ministro e agora presidente do Tribunal de Contas da União, José Múcio Monteiro, entramos na Justiça e não vamos parar até que Pernambuco seja tratado com respeito e não como uma experiência de um modelo novo e sem garantia de sucesso.
Os pernambucanos merece respeito!