Na última sexta-feira, 7 de dezembro, a Capitania dos Portos encaminhou ofício à administração portuária determinando a redução em mais 50 centímetros do calado de atracação, que é a profundidade mínima disponível para entrada dos navios no porto.
Menos fundo, menos cargas nos navios, menor competividade e mais prejuízos para as operações.
De acordo com os operadores portuários, com isso, as condições de atracação dos navios ficaram muito limitadas. “A situação crítica na qual se encontra o Porto do Recife não para de se agravar”.
Em setembro, a autoridade portuária já havia determinado a redução do calado em 1 metro atendendo a recomendação da equipe de Práticos, profissionais responsáveis pelas manobras dos navios.
Contudo, os estudos de batimetria, solicitados pelos operadores portuários e concluídos este mês, mostraram que a situação do Porto, que há dez anos não recebe obras de dragagem, é mais grave do que se esperava.
Com essa nova determinação, a redução do calado chega a - 1,5 metros, o que representa 7,5 mil toneladas de cargas a menos por navio.
De acordo com os operadores, essa limitação está causando graves prejuízos a economia de Pernambuco, uma vez que o porto perderá competitividade devido ao aumento dos custos das operações e até a inviabilização da atracação de navios com carga completa.
Nesta quinta-feira, o empresário Manoel Ferreira, diretor do Sindicado dos Operadores Portuários (Sindope) e conselheiro da Federação Nacional do Operadores Portuários (Fenope), disse que esta situação levará os armadores a procurar outros portos em Estados vizinhos. “Devido às suas características técnicas, o Porto de Suape não tem condições de receber as cargas destinadas ao Porto do Recife.
Vários setores da economia de Pernambuco que importam materiais primas serão prejudicados, como as indústrias cervejeira, de vidros, materiais de limpeza e moinhos de trigo.
Também serão afetados os segmentos exportadores, como as usinas de açúcar”, afirmou Ferreira. “A situação se torna ainda mais grave pelo fato de não haver possibilidade de realização de obras de dragagem a curto prazo, uma vez que todo o processo para contratação desses serviços levaria pelo menos um ano.
Além disso, embora a administração do Porto venha anunciando há três anos a disponibilidade de recursos para a obra por meio de emenda parlamentar, a liberação de tal verba nunca se concretizou e não há sinais de que isso possa acontecer em curto espaço de tempo”.