Pouco mais de um mês após a vitória de Jair Bolsonaro (PSL) para a presidência da República, a direita em Pernambuco começou a se articular na oposição ao governador Paulo Câmara (PSB).

O primeiro ato, nesse domingo (9), foi esvaziado e o grupo não chegou a sair em caminhada pela Avenida Boa Viagem, na Zona Sul do Recife.

Apesar disso, as lideranças dos grupos falam em pressionar os socialistas no Estado e já admitem a intenção de oferecer candidatura à Prefeitura do Recife. “2020 é uma consequência.

Espero eu que apareçam pernambucanos dispostos a disputar a Prefeitura do Recife e o Governo do Estado”, afirmou um dos fundadores do Movimento Brasil Livre, o MBL, em Pernambuco, João Pedro, que também é ligado ao partido Novo. “As pessoas nos perguntam sobre 2020 e 2022 como se todas as nossas ações fossem visando unicamente o pleito eleitoral e isso não é verdade”, disse, no entanto. “Desde 2014, todos nós vamos às ruas cobrar um Estado com menos impostos e um combate forte e rigoroso contra a corrupção.

O que estamos fazendo é manter essa pauta a nível local e vamos pegar muito pesado nessa questão”.

LEIA TAMBÉM » Movimentos de Direita em Pernambuco apostam em Daniel Coelho como nome para bater PSB no Recife em 2020 » Protesto contra Paulo Câmara tem baixa adesão e ausência de eleitos A primeira pauta escolhida pelos grupos para criticar Paulo Câmara foi a extinção da Delegacia de Crimes contra a Administração Pública (Decasp), unidade até então responsável pela investigação de casos de corrupção, que a partir de agora estão no recém-criado Departamento de Repressão ao Crime Organizado (Draco).

Depois disso, foram questionadas as mudanças no IPVA e no ICMS, que tiveram o reajuste de 2015 estendido.

As propostas sobre os impostos incluem a Nota Fiscal Solidária, programa para restituir o tributo a beneficiários do Bolsa Família a título de 13º salário.

A manutenção do aumento de impostos foi alvo do protesto desse domingo (9), que teve baixa adesão. “Como não fazemos parte dessa velha política, entramos em desvantagem.

O cidadão de bem tem que carregar essa cruz de entrar para a política para fazer a diferença não só de fora, mas também de dentro”, afirmou o integrante do MBL, que está em processo de filiação ao Novo. ‘Prisão’ de Paulo Câmara Durante o protesto, lideranças da direita chegaram a defender a prisão de Paulo Câmara. “Paulo fez campanha onde dizia que Paulo era Lula, e Lula era Paulo, então, se Paulo é Lula, nós queremos Paulo na cadeia igual a Lula”, afirmou o fundador do MBL ao site Portal de Prefeituras, em declaração confirmada pelo Blog de Jamildo.

Nem as polícias nem o Ministério Público solicitaram a prisão do governador. “Se Deus quiser a partir das próximas eleições, o PSB estará acabado”, disse ainda João Pedro. “O governador do Estado está combatendo aqueles que combatem a corrupção, está se comportando igual ao PT, achando que aumentar imposto é a solução.

E, para piorar a situação, a Assembleia Legislativa assina embaixo todas as besteiras que o governador do Estado faz. É lamentável o tão baixo nível dos nossos deputados estaduais”, acusou. “É inadmissível que, enquanto servidores da saúde estão fazendo protesto para receber o que lhes é de direito, que é o salário atrasado, o governador Paulo Câmara gasta de maneira exorbitante com despesas de gabinete e com verbas de publicidade para enganar a população”.

Paulo Câmara foi reeleito ainda no primeiro turno, com 50,70% dos votos, o equivalente a 1.918.219.

Em Pernambuco, o candidato à presidência mais votado nos dois turnos foi Fernando Haddad (PT), com 48,87% contra 30,57% de Bolsonaro no primeiro turno e 66,50% contra 33,50% de Bolsonaro no segundo.

No Recife, capital que está no radar da direita, Bolsonaro chegou a vencer no primeiro turno, com 43,14% contra 30,05% de Haddad, mas o petista virou no segundo, conseguindo 52,50% contra 47,50% do adversário.