Estadão Conteúdo - Eleito governador do Espírito Santo no primeiro turno em outubro, Renato Casagrande (PSB) deixou o candidato do PSL, Carlos Manato, em segundo lugar e conseguiu quebrar a onda Jair Bolsonaro na disputa do Estado.

Mas mesmo sendo secretário-geral do PSB e presidente da Fundação João Mangabeira, braço teórico do partido, Casagrande defende que a sigla, que ficou neutra no primeiro turno da eleição presidencial, mas apoiou o petista Fernando Haddad no segundo, não faça oposição sistemática ao presidente eleito. “O PT deverá fazer oposição raivosa, mas esse não é o caso do PSB.

Não faremos oposição sistemática.

Podemos ter postura de apoio a medidas do governo.

Vamos analisar matéria a matéria.

Eu tenho a opinião de que é preciso fazer reforma da Previdência.

O PSB defende reformas”, disse Casagrande à reportagem.

A posição moderada do governador eleito é corroborada pelo presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira. “Temos ideias diametralmente opostas ao presidente eleito, mas não vamos torcer para que o governo não dê certo.

Não cabe fazer oposição sistemática”, afirmou Siqueira.

As declarações recorrentes do clã Bolsonaro e do PSL atacando os “socialistas” e os “esquerdistas” não mudaram a postura do PSB, mas foram rebatidas por Casagrande. “São declarações de quem não tem conhecimento necessário para fazer esse debate.

Portugal é governado por um partido socialista.

As pessoas estão olhando para trás, na época do muro de Berlim, quando o mundo se dividia entre comunistas e capitalistas.

Mas o mundo mudou muito”, disse o governador eleito.

Preocupação Se o pessebista sinaliza moderação na pauta econômica, o discurso é diferente no restante da agenda de Bolsonaro. “Temos preocupação com a política desse novo governo sobre meio ambiente, mudança climática direitos humanos e educação.

Sou de um partido socialista de centro esquerda.

Defendo justiça social " Casagrande governou o Espírito Santo até 2014, quando foi derrotado por Paulo Hartung (sem partido), que neste ano decidiu não disputar a reeleição.

Como quadro do PSB, ele defende que o partido tenha uma atuação parlamentar e eleitoral descolada do PT, posição que também é corroborada pela executiva da legenda. “Não queremos entrar em um projeto que já tenha candidato consolidado”, afirmou o governador eleito.

Bloco No Congresso, o PSB articula a formação de um bloco partidário de centro esquerda com PCdoB, Rede e PDT.

Apesar do tom moderado, Casagrande rejeita um alinhamento com o bloco que tenta construir uma alternativa de centro contra Bolsonaro. “Não sei o que seria um novo centro.

Para quê?

Qual o objetivo?

Qual a carta de princípios?

Vai criar novo partido?

A discussão é muito superficial e virtual.

O que você tem hoje são conversas entre partidos.”