Após o assassinato de dois líderes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na Paraíba, o Partido dos Trabalhadores tem usado as redes sociais para relacionar o caso ao discurso do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL).
A presidente nacional da sigla, senadora Gleisi Hoffmann (PR), viajou ao estado para acompanhar com o governador Ricardo Coutinho (PSB) o sepultamento dos dois. “A execução dos dois companheiros do MST na Paraíba é muito grave.
A violência contra lideranças sociais deve crescer no Brasil, mesmo antes da posse de Bolsonaro, que assumirá com as mãos sujas de sangue e a moral suja por mentiras e fraudes”, afirmou a petista pelo Twitter.
Antes disso, ela havia publicado na rede social links de notícias dos últimos meses sobre conflitos em áreas rurais.
Entre elas, uma do Canal Rural, parceiro do UOL, cujo título era: “‘Quero que matem esses vagabundos do MST’, diz Bolsonaro”. “Esses assassinatos na Paraíba demonstram a atual repressão contra os movimentos populares e suas lideranças”, disse ainda a presidente do PT.
Rodrigo Celestino e José Bernardo da Silva, conhecido como Orlando, foram assassinados na noite desse sábado (8), no acampamento Dom José Maria Pires, no município de Alhandra, na Paraíba.
A fazenda foi ocupada pelos militantes em julho de 2017.
De acordo com o MST, os suspeitos entraram encapuzados e atiraram na área onde eles estavam jantando. “Exigimos justiça com a punição dos culpados e acreditamos que lutar não é crime.
Nestes tempos de angústia e de dúvidas sobre o futuro do Brasil, não podemos deixar os que detém o poder político e econômico traçar o nosso destino.
Portanto, continuamos reafirmando a luta em defesa da terra como central para garantir dignidade aos trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade”, diz o MST em nota.
Orlando é irmão de Odilon da Silva, integrante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) assinado em 2009 na Paraíba.
Os dois são irmãos do coordenador do movimento no estado, Osvaldo Bernardo, que está no programa de proteção aos defensores dos direitos humanos.
Em nota assinada pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, o Ministério Público Federal (MPF) afirma que o assassinato “preocupa diante do contexto sombrio de violência contra os movimentos sociais e demonstra quão distante ainda estamos da efetivação dos direitos garantidos pela Declaração (Universal dos Direitos Humanos)”. “Diante desse quadro, a PGR, a PFDC e a PRDC/PB reiteram o compromisso com a proteção dos direitos humanos dos assentados e envidarão todos os esforços perante os órgãos de investigação para que a autoria do duplo assassinato seja esclarecida e os responsáveis punidos conforme a lei.”