Na próxima terça-feira (11), o escritor Paulo Roberto Cannizzaro lança “O Poder da Corrupção nas Democracias Contemporâneas”, segundo volume de uma trilogia iniciada no ano passado com a obra “Uma República adiada”, que conta a história da nossa República desde a queda do Império Português. “Embora muitos brasileiros pensem de forma diferente, a corrupção é um problema generalizado e não uma praga exclusiva do nosso país”, diz.
No mesmo dia, Cannizzaro lança “E alguns filmes que o vento não levou” que passeia, década por década, pelos 120 anos do cinema e suas obras inesquecíveis.
Produzido pela editora portuguesa Chiado, “O Poder da Corrupção nas Democracias Contemporâneas”, de acordo com o autor, mostra a grave crise democrática que se estende por diversas nações, mesmo as mais consagradas e maduras, e apresenta a corrupção como uma espécie de quarto poder, constituído de forma paralela às instituições legais.
Em 2019, virá a público o terceiro exemplar da série, tratando de forma específica sobre dívida pública com o olhar do autor, advogado e contador com experiência na área tributária. “Em ‘O Poder da Corrupção nas Democracias Contemporâneas’ eu apresento a corrupção como um marco civilizatório, já que nenhuma sociedade está imune ao problema.
Mas as que apresentam mais degradação são justamente aquelas onde a inapetência política é maior. É um paradoxo.
A minha teoria é a de que as pessoas estão desenvolvendo aversão aos políticos e ao mundo da política, tornando o ambiente mais propício para a corrupção, num verdadeiro círculo vicioso.
Já nas sociedades onde a soberania popular é mais viva, é mais difícil haver este processo”, analisa.
O autor diz que todos os países são afetados pela corrupção. “A diferença é que nas sociedades mais desenvolvidas, existe um cuidado em se aperfeiçoar os mecanismos de proteção, controle e combate”, destaca Cannizzaro, ao mesmo tempo em que lamenta o fato de que também vem se generalizando uma falência social e política. “Os principais países da Europa e mesmo os Estados Unidos da América, que por tanto tempo se gabaram de avanços sociais em seus sistemas democráticos, entraram também em colapso quando suas legendas políticas assumiram condutas econômicas antissociais, levando à perda de legitimidade de seus sistemas”. “Como resultado, partidos tradicionais tem perdido o apoio das sociedades civis e as pessoas passaram a desprezar cada vez mais os temas políticos, enquanto muitas sociedades estão se tornando excessivamente judicializadas”.
Quem ganha ? “Despolitizou-se a sociedade civil, ninguém confia mais nestes personagens políticos, além de ter havido uma expansão de comportamentos desviados de corrupção em todas as dimensões. É o resultado de um Estado deformado que já não consegue atender às necessidades sociais.
Uma democracia liberal profundamente adoentada, que foi definida antes como um regime de ‘democracia ideal’, mas que entrou em crise, sob o impacto da perda de legitimidade dos governos”, descreve.
Paulo Roberto Cannizzaro promete uma aprofunda análise acerca do Brasil - iniciada no volume anterior da trilogia, em que destacou as raízes do processo, antes mesmo de nos tornarmos uma República.
O livro está atualizado até o último julgamento do presidente Lula. “Tentei mostrar todos os lados da questão, trazendo uma visão analítica e imparcial sobre a corrupção, que não é exclusiva de um partido político ou de um momento histórico”, conta.
O autor finaliza conclamando os leitores a se envolverem com as questões políticas. “É fato que este modelo de gestão do Estado e da política nacional fragmentou-se.
Mas é tempo de refundar a República e o Estado brasileiro”.