O relatório de mídias sociais da FGV mostrou, esta semana, que o encontro de presidente eleito com assessor de Segurança Nacional americano impulsionou discussões sobre segurança pública.

A presença de políticos investigados em nova composição ministerial também elevou debate sobre corrupção.

As discussões no Twitter voltaram a marcar um debate altamente polarizado entre os dois lados do espectro político, sem que um grupo intermediário tomasse espaço significativo.

O núcleo azul, de apoio ao presidente eleito e que tem o próprio Jair Bolsonaro e seus filhos como influenciadores, permaneceu repercutindo o estabelecimento das diretrizes para o novo governo.

Foram cerca de 79 mil usuários e 583 mil interações apenas do grupo, já filtradas as contas automatizadas.

Os números representam 58,8% das interações totais e 33,2% dos perfis — redução de 4 e 7 pontos percentuais em relação à semana anterior.

Os usuários do grupo criticaram a prerrogativa do indulto de Natal e especularam sobre as razões para o atentado efetuado contra Jair Bolsonaro em setembro.

Também defenderam a Lava Jato e repercutiram nomes já escolhidos para pastas do novo governo, bem como a visita de autoridades internacionais ao presidente eleito.

O grupo vermelho, que reúne líderes políticos e partidos alinhados à esquerda, manteve-se estável em relação à semana passada.

De 28 de novembro a 4 de dezembro, foram mais de 65 mil perfis (27,3% do total) e cerca de 267 mil interações (26,9%) apenas do grupo, que marcou oposição ao governo eleito.

Também de oposição, o grupo rosa permanece reduzido e foi responsável por 17% dos perfis e 6% das interações, concentrando-se em publicações lúdicas e irônicas sobre o novo governo, mas desvinculadas de lideranças partidárias.

Ambos os grupos associaram Bolsonaro e seus filhos a políticos supostamente envolvidos em corrupção e criticaram os arranjos para as pastas ministeriais do novo governo e o posicionamento do novo presidente frente à visita de membro do governo estadunidense.

Reclamações residuais sobre as mudanças no programa Mais Médicos também persistiram.

Grupo minoritário, em amarelo, repercutiu polêmica esportiva envolvendo o novo presidente.

Com 12,8 mil perfis, o grupo abordou a presença de Jair Bolsonaro na cerimônia de premiação pelo campeonato brasileiro do Palmeiras.

Houve, principalmente, comentários críticos à participação, com repercussão das respostas de jogadores e do técnico do time.

O debate no Twitter na semana Publicações do presidente eleito Jair Bolsonaro parabenizando a atuação de policiais militares na cidade de Valença, no Rio de Janeiro, no caso em que uma idosa foi feita refém e comentando seu encontro com o Conselheiro Nacional de Segurança dos EUA, John Bolton, foram os principais tópicos discutidos entre 29 de novembro e 05 de dezembro, sendo também responsáveis pelo destaque das menções a segurança.

A continência do presidente eleito ao também ex-militar Bolton gerou piadas e comentários críticos neste debate.

A composição dos ministérios do novo governo eleito, com a suposta presença de políticos investigados por corrupção, levantaram questionamentos sobre o tema no Twitter.

Ademais, a prisão do governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, também esteve entre os principais tópicos discutidos sobre corrupção no período analisado.

Em economia, o anúncio do fim do Ministério do Trabalho e da distribuição de suas atribuições entre os Ministérios da Justiça, da Economia e da Cidadania, bem como a repercussão de declarações de Bolsonaro sobre dificuldades dos empresários brasileiros ao defender o aprofundamento da Reforma Trabalhista, pautaram boa parte do debate nas redes.

As discussões econômicas também foram impactadas por comentários sobre privatizações, as reformas da Previdência e tributária, e a divulgação dos dados do IBGE que apontam o crescimento da pobreza no país ao longo do último ano.