Ao negar mais um pedido de liberdade ao prefeito do Cabo de Santo Agostinho, Lula Cabral (PSB), a ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Laurita Vaz apontou que haveria indícios de que ele poderia fazer contato com outros gestores para que aplicassem recursos das previdências municipais nos fundos geridos pela Terra Nova, o que o levou à prisão.

A decisão de Vaz de manter o socialista preso foi publicada nessa terça-feira (4).

De acordo com as investigações, que correm em segredo de justiça, Lula Cabral teria supostamente ordenado a transferência de mais de R$ 90 milhões do instituto de previdência municipal, o CaboPrev – que antes se encontravam investidos em instituições sólidas – para fundos de investimento que colocavam em em risco o pagamento da aposentadoria dos servidores.

Esses fundos eram geridos pela Terra Nova.

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Nesse aspecto, é mister ressaltar, como bem destacou o Ministério Público, que a ausência de movimentação dos recursos da CABOPREV no último ano não afasta o risco de que transações dessa natureza sejam realizadas”, disse ainda.

Foi anexado o depoimento de um servidor do Caboprev à Polícia Federal, que afirma que foram solicitados dados para serem apresentados a Ipojuca, município vizinho ao Cabo de Santo Agostinho.

No interrogatório, ele diz “QUE outro fato relevante é um episódio presenciado pelo ora interrogando, em que um servidor da procuradoria do município se disse emissário do Dr.

MOURA (Procurador do Município de Cabo de Santo Agostinho-PE), e perguntou sobre como poderia acessar O site do CABOPREV na internet para obter documentos sobre os novos valores das aplicações realizadas pelo CABOPREV em fundos da TERRA NOVA para que ele (servidor da procuradoria) pudesse apresentar tais números à Autarquia Previdenciária Municipal de Ipojuca-PE para promover o mesmo tipo aplicação em fundos de investimento geridos pela TERRA NOVA”.