Por Adriano Oliveira, no JC deste domingo Antes da posse, a euforia é constante.
As comemorações não cessam, pois o adversário foi derrotado e a expectativa do que ocorrerá é, geralmente, positiva.
O eleito e os seus aliados mais próximos não enxergam riscos, apenas bonança.
O vitorioso precisa ser prudente.
Descartar a euforia.
Alertar aos assessores que riscos estão postos.
E, atrelados a eles, os desafios.
Neste instante, o discurso de Bolsonaro ainda é de euforia.
Quais são os desafios de Bolsonaro?
O principal desafio é animar a economia.
Quando falo isto, alerto que economia animada não significa, apenas, ações bombando.
As pessoas querem bem-estar, independente da renda.
Os eleitores das classes C e D desejam ir ao shopping, comprar uma TV, almoçar em um restaurante e aproveitar o verão na praia com a família e uma boa cerveja.
A classe média sonha em viajar, sem abandonar o plano de saúde, ou a escola particular dos filhos.
Os ricos desejam ficar mais ricos.
A classe E quer conquistar dignidade.
Para alcançar o primeiro desafio, Bolsonaro precisa conversar com o Congresso.
Não desprezar políticos, em particular, os membros do MDB, Centrão e PSL.
Não adianta insistir no desejo do fim do toma-lá-da-cá.
Este existirá.
Nenhum político vai conquistar desgaste em troca de nada.
Muito menos em troca de um abraço do presidente Bolsonaro.
Político gosta de voto e de estar no poder.
Fazer bem aos políticos é o segundo desafio do presidente eleito.
Se a prioridade é a economia, por que perder tanto tempo debatendo temas morais?
Se Tereza não comprar uma nova TV para assistir a Copa América, ela vai reclamar.
Embora, o chefe do Executivo continue a falar em Escola sem partido.
A aplicabilidade da Escola sem partido é impossível.
E não é prioridade para o eleitor.
A prioridade é posto de saúde aberto com médico e recuperação do poder de compra.
Portanto, o presidente Bolsonaro deve desprezar temas morais e gastar as suas energias com a economia.
Até o instante, a competente equipe econômica de Bolsonaro não falou em políticas sociais.
O Brasil é pobre.
Não adianta viver no mundo do Instagram.
O Brasil requer políticas sociais agressivas.
Portanto, o último desafio de Bolsonaro é alinhar recuperação da economia com promoção do bem-estar econômico para todos.
Sabendo que as classes C, D e E precisam de políticas sociais focalizadas.
Os desafios são nítidos.
Basta apenas, o presidente agir!
Adriano Oliveira – cientista político